David Ângelo regressa a Porto de Mós como autor

20 Dezembro 2024

Isidro Bento

David Ângelo, um dos médicos mais influentes do mundo na sua área de especialização, fez no dia 10 dezembro na Central das Artes o lançamento do livro Crónicas de um Jovem Investigador. O médico cirurgião e investigador regressou com confessado prazer à terra onde viveu a sua infância e parte da juventude. Fê-lo perante vasta e variada plateia e inspirando-se no livro partilhou experiências, peripécias e ensinamentos.

«Nasci na Suíça mas sou portomosense de gema. Porto de Mós é a minha terra. Já vivi em vários pontos do país e do mundo mas aqui é a casa-mãe», disse em resposta a um dos elogios com que o presidente da Câmara, Jorge Vala, o brindara minutos antes.

Na altura, o responsável autárquico afirmara ser «um gosto imenso ter alguém com o currículo do professor David Ângelo a apresentar o seu livro em Porto de Mós», um concelho «com muitos jovens talentos que saem e depois não regressam» ou, pior que isso, que «em muitas circunstâncias esquecem as suas origens». Ora, no seu entender, o jovem médico está entre aqueles que apesar de terem subido alto não esquecem as suas origens.

Na mesma cerimónia, Pedro Mouroço contou como, enquanto investigador do Politécnico de Leiria, conheceu e trabalhou com David Ângelo. «Muitos jovens dirão que o David [Ângelo] teve sorte ou cunhas, mas o que houve, sim, foi muito trabalho e de uma maneira que é muito difícil de encontrar hoje em dia», afirmou. Em “resposta”, o médico confirmou isso mesmo e disse que ao contar um  pouco do seu percurso familiar procurou mostrar que é «uma pessoa perfeitamente normal» e inspirar outros jovens igualmente “normais” a acreditarem que «se forem disciplinados, proativos e determinados, conseguem fazer o que quiserem».

Pedro Mouroço recorda-se bem do jovem que «uns diriam lunático, outros filosófico e outros, ainda, sonhador», que um dia chegou junto de si «com uma ideia completamente disruptiva» mas com experiência nula na área da investigação e expectativas demasiado altas. Apesar desta lacuna inicial, «de todos os doutorandos acompanhados ao longo dos anos» David Ângelo foi aquele que lhe deu «mais gozo» e «enormes alegrias» porque era aquele que mais puxava por si, confessou. 

O cirurgião portomosense, por seu turno, realçou a necessidade de proatividade e de persistência e disse aos jovens que não podem esperar ter a carreira toda definida logo ao início e há que saber ver nas dificuldades, oportunidades. Por isso, é perfeitamente possível que um médico que demora «meia hora a fazer a sua primeira sutura de três ou quatro pontos», acabe depois a criar um kit de sutura, ou que o mesmo médico que desmaia «na primeira vez que entra no bloco operatório», anos mais tarde se torne cirurgião, como foi o seu caso.

Fazer um doutoramento, ter prazos para cumprir e artigos científicos para publicar colocam uma enorme pressão sobre os doutorandos e David Ângelo que sentiu isso na pele deixou um veemente apelo para que cada um cuide da sua saúde mental. «Quando virem que as coisas não estão bem, parem e peçam ajuda. Se eu pudesse voltar atrás a saúde mental era uma área que nunca teria descurado», frisou.

David Ângelo olha para a medicina com «espírito de missão», defendendo uma ligação «muito empática e com compaixão» para com os doentes, «que devem ser sempre o foco principal de qualquer médico». O cirurgião diz que todos os dias tenta melhorar 1% daquilo que é, tentando dar aos outros sempre a melhor versão de si tanto em termos profissionais como pessoais e acredita que a leitura deste livro pode ajudar outras pessoas a procurar fazer idêntica caminhada. 

Foto | Isidro Bento

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