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De passatempo a negócio que chega, agora, a várias casas da região

12 Abril 2021
Catarina Correia Martins

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Catarina Correia Martins

12 Abr, 2021

Foi numa «casa antiga» com vista para a Serra da Lua, que ganhou corpo um passatempo de Carla Vitorino, que a partir de 2004 se transformou num negócio. Em 2008, com «métodos muito artesanais», Carla Vitorino, natural do Alqueidão da Serra, e a família começaram a cultivar cogumelos numa antiga habitação. Era uma «coisa só ao fim de semana, como brincadeira, para consumo próprio», no entanto a curiosidade e interesse demonstrados por amigos e familiares, que queriam «provar os cogumelos produzidos» fez com que começassem «a perceber que havia procura». «Começámos a fazer uma pesquisa de mercado e vimos que, de facto, a oferta era muito pouco variada e a qualidade deixava muito a desejar em relação a algumas espécies», por isso, «achámos que podia haver espaço para nós, com cogumelos frescos, no mercado de proximidade», lembra. Aos poucos a produção foi aumentando e a procura mostrou que havia, realmente, «clientes para dar início a um negócio».

Depois de fazer uma «pequena formação de gestão para totós», como a apelida a própria alqueidanense, fez um «estudo de viabilidade algo rudimentar» e chegou à definição do seu público-alvo: o consumidor final, a quem chegariam através da venda em loja. Por não terem estrutura, ter uma loja própria não era opção, então acabaram por definir alguns pontos de venda, «mas as coisas não funcionaram»: «As lojas e os pontos de venda que tínhamos identificado como preferenciais não tinham condições de armazenagem necessárias para os cogumelos», que eram colocados junto com os vegetais, local que não tem a temperatura e humidade ideais para a conservação do produto, explica.

Concluíram, então, que tinham de «controlar todo o processo, desde a produção à entrega, porque os cogumelos são produtos muito sensíveis, altamente perecíveis e se não forem devidamente transportados e depois expostos, perdem qualidade em horas». Mudaram o foco, direcionando-o para os restaurantes, mas também aí a tarefa não foi fácil. A cultivar cogumelos pouco conhecidos do público em geral, Carla Vitorino afirma que o seu produto causava «até alguma repulsa e medo, as pessoas tinham receio de consumir os cogumelos». «Percebemos que o nosso cliente tinha que ser um restaurante cujo chef tivesse já alguma sensibilidade, formação e conhecimento do ingrediente. Procurámos restaurantes de gama média/alta e foi aí que nos encaixámos», refere.

Tudo corria de acordo com o planeado, com entregas em restaurantes e venda direta em três lojas (em Valverde e no Alqueidão da Serra), até à chegada da pandemia. Com os restaurantes fechados, a família viu-se obrigada a dar um novo rumo aos Cogumelos da Serra da Lua – assim se chama a empresa. Com a ajuda de uma sobrinha, delinearam uma estratégia de marketing com foco nas redes sociais e criaram pequenos grupos de clientes em diferentes zonas, onde começaram a fazer entregas ao domicílio. Esses contactos foram dando origem a grupos na aplicação de mensagens diretas WhatsApp, que hoje são pequenas comunidades onde, além de se encomendarem cogumelos, se partilham receitas e experiências com os mesmos.

Carla Vitorino considera que as perdas que o negócio teve com o fecho dos restaurantes, acabaram por ser compensadas com esta alternativa, mas apenas porque a empresa tem «uma estrutura minúscula, familiar, que funcionou muito com base no sacrifício e no trabalho familiar, porque se houvesse empregados para manter, era mais complicado». O próximo passo será «pôr a funcionar uma loja online, que está a ser montada» e que vai facilitar a chegada do cliente até ao produto, no entanto a perspetiva é de que os grupos de WhatsApp sejam mantidos e espera a reabertura rápida dos restaurantes.

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