O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) lançou um apelo à população para que realize a «sua dádiva, já», dada a situação das reservas dos grupos sanguíneos A e O positivo e negativo que mais uma vez está no limite.
O IPST avança que «as condições climatéricas dos últimos dias provocaram uma desaceleração da afluência dos dadores de sangue» e, por isso, pede «aos dadores destes grupos sanguíneos que estejam em condições de fazer uma nova dádiva que o façam com a maior brevidade possível, nos Centros de Sangue e Transplantação de Lisboa, Porto e Coimbra ou em outro local de colheita de sangue da sua conveniência».
Os locais onde poderá realizar a sua dádiva podem ser consultados em www.dador.pt. Aproveitando o mote, O Portomosense esteve à conversa com dois dadores de sangue do concelho, que nos deram o seu testemunho.
Pedro Paulo, Mendiga, 50 anos
Pedro Paulo é dador há cerca de 30 anos e diz ter começado numa altura em que as reservas de sangue estavam em baixo, tendo sido incentivado pelo hospital quando foi «acompanhar um familiar à instituição de
saúde para uma operação». O que é certo é que desde aí faz normalmente «duas doações» por ano e diz querer «continuar a fazê-lo enquanto puder», porque se sente bem em ajudar. «Eu sinto-me bem. Se não nos faz diferença a nós e se estamos a ajudar outra pessoa, com algo que lhe vai fazer falta, é bom».
Antes de ir dar sangue, Pedro Paulo considera que o organismo deve de ir preparado e com a energia reposta: «É ir com um bom pequeno-almoço tomado, ter bebido líquidos antes e ter descansado bem, para estarmos mais preparados». Sente dificuldades no procedimento? O dador diz que não e que nunca houve qualquer impedimento. «Eu sempre que fui para dar consegui fazê-lo, porque também não tomo medicação nenhuma, não tenho feito cirurgias, não estive no hospital internado, não tenho tido problemas», conta.
Ana Carina, Porto de Mós, 40 anos
A dadora portomosense realizou a sua primeira dádiva há «5/6 anos», no entanto conta que a vontade de o fazer já persistia e que só não o fez antes «por medo de se sentir mal e por ter uma aversão a agulhas». Uma colega de trabalho foi, assim, a força que precisou para a dadora conseguir enfrentar o medo e agora conta que, mesmo estando lá o sentimento, este é substituído pela gratificação, no final de cada doação: «É muito gratificante saber que podemos ajudar. Eu sempre gostei muito do ajudar e acho que nós devemos fazer aos outros, o que gostaríamos que nos fizessem a nós», acredita.
Este ano já fez uma doação, no ano passado fez duas e o objetivo é continuar a dar sangue, avança a dadora, realçando o acompanhamento por parte dos enfermeiros, que «são cinco estrelas e sabem como acalmar as pessoas».
Ana Carina diz ter já incentivado amigas a doar sangue e embora reconheça o medo que pode estar associado a esta ação, ela deve ser feita, reforça a dadora. Ana Carina recorda, no entanto, que nem sempre a vontade é o suficiente para fazer a dádiva. «Eu já não pude dar algumas vezes por causa dos procedimentos que antecedem a doação. Já fui com os açúcares baixos, o que fez com que não pudesse avançar para a dádiva», conta a dadora que quer continuar a contribuir e a ajudar «o próximo».