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De uma equipa “sem bases” a campeãs regionais

25 Outubro 2022
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

25 Out, 2022

Desde 2015, que a União Recreativa Mirense tem apostado no voleibol feminino, modalidade que no ano passado lhe “valeu” um título (a equipa sagrou-se campeã regional). Quando, há sete anos, a nova direção, encabeçada pelo falecido António Lima, entrou em funções, tinha uma meta bem definida: trazer mais crianças ao clube e não ter na equipa de seniores de futebol o único alicerce. Foi nessa perspetiva que criou a equipa, mas não sem antes apurar se era isso que os jovens procuravam. Desde o início no projeto, a diretora e coordenadora para o voleibol e atual presidente, Paula Luz, explicou o caminho até à criação da equipa. «O Lima disse-nos, a mim e à Rute Lima, que estava connosco na direção na altura, para arranjarmos meninas e que, no departamento de futebol, iam tentar arranjar meninos», recorda. Primeiro, escolheu-se a modalidade: «Fizemos um inquérito nas escolas, para perceber qual era o desporto que gostariam, e 90% das meninas preferiam o voleibol». Numa altura em que o desporto escolar em Mira de Aire não tinha voleibol, esta era uma forma de combater essa lacuna.

No primeiro ano, conseguiram ter apenas uma equipa de cadetes (15 anos). «Apesar de toda a gente querer voleibol, as meninas não apareceram logo, só deu para criar essa equipa», recorda Paula Luz. Para cativar mais crianças para o voleibol e outras modalidades, como o futebol e futsal, o clube criou a mascote, o morcego Mirinho. «Criámos uma história com o Mirinho e fomos contar às escolas, desde a pré-primária», conta a presidente.

O número de equipas de formação de voleibol tem, desde então, oscilado, mas em todas as épocas tem havido pelo menos uma equipa. No segundo ano (2016), havia uma equipa de juvenis (a que vinha do ano anterior e evoluiu de cadetes para juvenis) e uma nova de infantis (13 anos). O clube chegou a ter três equipas em simultâneo num ano, duas femininas e uma masculina: «A equipa masculina foi um projeto diferente. Em Alcanena, trabalham muito bem o voleibol no desporto escolar e tinham uma equipa formada, campeã a nível escolar que tinha gosto de ser federada. No último ano de juniores vieram ter connosco para formar equipa pelo Mirense», explica Paula Luz.

Espírito de união e competitividade

Não foi um início fácil para a primeira equipa, que vinha «sem quaisquer bases da escola». «Ainda por cima, nesse ano, ficámos com a série de Lisboa, não havia equipas para formar um campeonato na região, jogámos, por exemplo, com Os Belenenses ou Benfica, foi péssimo a nível de resultados», recorda a coordenadora. No entanto, não era isso que desanimava a equipa: «O que é curioso é que havia espírito de equipa, mesmo com essas “tareias”. Elas estavam motivadas». Os primeiros treinadores desta equipa foram Manuel de Sousa, de Mira de Aire, que já havia sido professor de Educação Física de Paula Luz e Rute Lima, e o técnico Carlos Sousa. Depois deste desafio, Manuel de Sousa “levou” o voleibol para o desporto escolar, o que ajudou a captar mais meninas.

A única equipa de voleibol atualmente no Mirense começou no escalão de minis (12 anos) e já vinha «com algumas das bases adquiridas nas aulas». Como cadetes, estas jogadoras têm apenas mais dois anos de formação pela frente – juvenis e juniores – e Paula Luz lamenta que não existam outros escalões, de momento, para dar continuidade ao trabalho. «Apelo às meninas de 5.º e 6.º anos que gostem de voleibol que venham ter connosco», pede. A presidente acredita que o regresso do voleibol ao desporto escolar, que volta a não estar incluído, era uma ajuda: «Facilitava, porque as meninas vinham todas para aqui, está na altura de voltar a pedir ao Agrupamento».

A presidente quis ainda deixar um elogio às atletas campeãs regionais. «Sem dúvida a melhor equipa que tivemos, querem sempre trabalhar mais, são a única equipa a treinar três vezes por semana», frisa. O elogio estende-se aos pais, que considera «muito importantes» para o sucesso: «Têm sido incansáveis, nunca se queixam de nada». Paula Luz lembra ainda que este não é um departamento que gere sozinha. «Sou a coordenadora, o Miguel Martins e o Aires Gouveia, que chegou este ano, são os treinadores e temos como adjuntas a Diana Frazão e a Luciana Lourenço». Há ainda os patrocinadores que só este ano surgem de forma oficial. Embora já recebam apoio de alguns desde o início, este ano, em que o clube decidiu fazer equipamentos, «vão estar presentes de forma visível». Este dinheiro é «canalizado para deslocações e inscrições das jogadoras», explica, lembrando que as «deslocações no voleibol são muito mais caras que no futebol» porque não acontecem apenas no distrito.

Treinador vê “vontade de trabalhar”

Miguel Martins de 23 anos, é natural de Alcanena e está há dois anos e meio a treinar o Mirense. «Tirei o curso de treinador e decidi vir experimentar o Mirense», conta. «Desde o início que a direção tem vindo a ajudar e a apostar na formação, temos conseguido atingir os nossos objetivos. No primeiro ano, o objetivo era fazer crescer o clube, trazer mais meninas, e conseguimos, embora tenhamos ficado em segundo lugar, já na época passada conseguimos o título de campeãs regionais», frisa.
O técnico garante que agora existem «condições no clube para abranger todas as meninas que gostem de voleibol». Quanto à atual equipa, considera que é composta por muitas atletas «com vontade de trabalhar, com cultura desportiva, disciplina e dedicação».

Rita Inácio – capitã
Mira de Aire, 15 anos

«Esta equipa é como uma família, a nossa motivação do dia-a-dia é vir para aqui treinar. O conselho que dou às meninas que gostem de jogar é para virem para o Mirense, o voleibol da Mira é a nossa família. Esta equipa é mesmo muito unida. Acredito que há aqui qualidade para sermos bi-campeãs regionais».

 

 

Laura Oliveira – sub-capitã
Fátima, 14 anos

«Esta equipa é uma família. Para mim, sendo de Fátima e não tendo clubes por perto, Mira de Aire é uma ótima escolha e ainda bem que vim para aqui. Se gostam de voleibol e gostam de desporto, é um bom sítio para virem, acho que não é só brincar, também há o sentimento, há a paixão pela camisola e eu, mesmo sendo de fora, sinto isso».

Fotos | Jéssica Moás de Sá

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