No domingo houve dérbi concelhio em Porto de Mós. De um lado a equipa da casa, a ADP, vestida de amarelo e preto. Do outro os visitantes, do Alqueidão da Serra, equipados com azul e branco. Nesta tarde fria e chuvosa de 5 de novembro, e ainda antes do apito inicial, a tensão já se fazia sentir. Ambas as equipas chegavam ao jogo mais aguardado do concelho carregando o peso das últimas derrotas e olhavam para este encontro com uma obrigação de pontuar e galgar posições na presente edição da Divisão de Honra.
À entrada nesta jornada, a ADP seguia em oitavo lugar na tabela classificativa com duas vitórias, um empate, duas derrotas e um jogo em atraso (jornada 6), totalizando, assim, sete pontos. Por seu turno, o Alqueidão da Serra vinha de uma crise de seis derrotas consecutivas – um mau arranque que fazia do emblema serrano o “lanterna vermelha” do escalão – e esperava que a chicotada psicológica da troca de treinadores (saiu Pedro Nunes e estreou-se neste desafio José Carlos “Calé” Pereira) surtisse efeito.
Assim que o esférico começou a rolar, facilmente se percebeu a estratégia de cada emblema. A ADP vestiu a pele de “favorita” e, empurrada pela sua massa adepta, mostrou-se mais pressionante e acutilante, optando por trocar mais a bola, recuperá-la depressa e tentar jogar o maior tempo possível no meio-campo contrário. Já os homens do Alqueidão da Serra, cientes das dificuldades que iam encontrar nesta partida e ainda a tentar assimilar os processos trazidos por Calé, procuraram manter a coesão defensiva, unir as peças do centro do terreno e sair em contragolpe.
Três bolas a zero a favor da equipa da vila sede do concelho foi o resultado final. O primeiro tento surgiu à passagem do minuto 14, por intermédio de Tiago Sobreira, que respondeu a um cruzamento vindo da ala esquerda. Mais tarde, quando corriam 36 minutos no relógio do juiz Rúben Silva, Kiko Carreira, com o 21 nas costas e a braçadeira de capitão no braço canhoto, atirou a contar para o fundo das redes de Jorge Oliveira, batendo-o e estabelecendo uma vantagem confortável que se manteve até ao intervalo. O segundo tempo abriu com história idêntica ao primeiro. A ADP, com muito maior eficácia, só precisou de três minutos para fazer o 3-0 através de Francisco Marques, golo que parecia ter provocado um autêntico dilúvio em Porto de Mós, não fosse a forte chuva revisitar o campo, dificultando a vida a todos os atletas, equipas técnicas, de arbitragem e de segurança e, claro, aos incansáveis adeptos que, quer de um lado quer do outro, não arredaram pé e protagonizaram momentos de espetáculo.
Ainda que o resultado ameaçasse avolumar-se no sentido dos homens da casa, o Alqueidão da Serra tentou mostrar uma outra face e o seu rendimento dentro das quatro linhas subiu. De forma mais organizada foi tentando contrapor as ofensivas adversárias e procurou criar mais perigo do que nos primeiros 45’, dando indicações de que há neste conjunto qualidade suficiente para dar a volta à presente situação.
Com esta vitória, a ADP ocupa agora a oitava posição da tabela (com 10 pontos), enquanto que o Alqueidão da Serra se mantém no último lugar e sem pontuar.
O RESCALDO DOS TÉCNICOS:
Pedro Cordeiro, ADP:
“Foi uma vitória justa. Estivemos organizados e demos poucas oportunidades. Também não criámos muitas ocasiões, mas concretizámos. Praticamente não analisamos o Alqueidão, focámo-nos em nós. Sabíamos que eles vinham motivados com a mudança de treinador e disse aos meus jogadores para os igualarem na vontade. Somos jovens, estamos a ganhar experiência e esperamos que em breve a moldura humana seja ainda maior. Vamos trabalhar para subir na tabela classificativa.”
José Carlos Pereira, Alqueidão da Serra:
“Temos apenas um dia de trabalho e sabemos que há um trabalho árduo pela frente, é importante limpar a cabeça. Estamos a procurar a organização que o clube já teve, mas deixo um aviso: saíram 15 jogadores, precisamos de tempo. Assumo por completo esta derrota, na primeira parte cometemos erros crassos e na segunda demos uma imagem diferente. Quanto aos adeptos, foram incansáveis. Senti todo o apoio ao longo de 90 minutos, temos que estar próximos para sair desta situação.”
Fotos | Luís Vieira Cruz