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Dia da Mulher: celebram-se conquistas antigas; luta-se pelas próximas

8 Março 2023
Bruno Fidalgo Sousa

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Bruno Fidalgo Sousa

8 Mar, 2023

Celebra-se hoje, 8 de março, o Dia Internacional da Mulher, uma data de homenagem, mas também de sobreaviso. A O Portomosense, a presidente da associação leiriense Mulher Século XXI, Susana Pereira, explica que a efeméride serve para, «por um lado, celebrar tudo o que se conseguiu até hoje, que foi muito, muitos direitos conquistados – não foram dados, foram conquistados», ressalva; mas também como alerta para as situações de desigualdade que ainda agora, mais de 100 anos depois do original Dia das Mulheres (uma jornada de luta pela igualdade, pelo voto feminino, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América), levam à manifestação popular do contingente feminino, ano após ano, por todos os direitos onde o género ainda faz a diferença. «A igualdade salarial, maior representação em cargos de liderança, a proteção em situações de violência, física ou psicológica ou até a simples questão de repartição de responsabilidades familiares continuam a ser direitos que têm de se conquistar», diz Susana Pereira, «porque põem em causa todos os outros direitos. Se a mulher não consegue fazer uma coisa que devia ser tão simples como repartir as responsabilidades familiares em casa, como é que pode conseguir atingir o mesmo nível remuneratório [de um homem] numa situação de trabalho?», questiona.

O que dizem os números?

A igualdade salarial, contudo, registou um ligeiro progresso no que toca aos rendimentos de trabalho das mulheres: o gap salarial de base em Portugal, entre trabalhadores homens e mulheres, foi de 11,72% em 2022 (em 2021, estava nos 16,7%), com a percentagem de mulheres nos conselhos de administração a fixar-se nos 31%, apesar de apenas 8% estarem em lugares de topo nas empresas, segundo dados do Relatório Global de Desigualdade de Género, publicado em 2022 pelo Fórum Económico Mundial, que analisa os fatores que provocam a desigualdade entre mulheres e homens. O mesmo relatório colocou Portugal na 29.ª posição do ranking, entre 146 economias, uma descida de sete lugares face ao ano transato. A “culpa”, explica a associação Mulher Século XXI em comunicado, é do número de mulheres eleitas para o Parlamento nas últimas eleições legislativas (reduziu de 39,7% em 2019 para 37% em 2022), bem como de um ligeiro decréscimo das mulheres na participação no mercado de trabalho e em lugares de poder.

«No que diz respeito à violência», começa por explicar Susana Pereira, tem-se a «tendência para que no dia 8 não se fale tanto no que é mau, mas o femicídio é algo que devemos ter sempre em conta: em 2022, 28 mulheres morreram em relações de intimidade, e isto é muito grave», refere a dirigente. Há, no entanto, alguns fatores positivos a destacar, nomeadamente a subida a nível da Educação – literacia e frequência do ensino básico – e da Saúde, com a aumento de anos de vida saudável.

Um dia para empoderar

«O Dia da Mulher também deve servir para empoderar as pessoas que estão a passar por este problema tão grave, para que procurem ajuda», explica Susana Pereira, indo ainda mais longe: «Não é só no Dia da Mulher que se deve fazer isto, é todos os dias e cabe-nos a todos e a todas fazer este trabalho, estar atentos e chamar a atenção para a nossa responsabilidade cívica». A dirigente acredita que «os direitos das mulheres não são só das mulheres, são direitos de todos, são direitos universais». E remata, em comunicado, dizendo que «a atual conjuntura nacional e internacional demonstra que as mulheres têm muitas razões» para continuar a luta.

A luta prossegue hoje, com várias ações da associação, que «vai fazer uma distribuição de chocolates [que falam do Dia Internacional da Mulher] nalguns cafés da cidade» de Leiria, «vai estar presente nalgumas situações que vão acontecer também em Leiria», como o reconhecimento público à sua fundadora, Isabel Gonçalves, e «vai continuar o seu trabalho». «Valeu a pena fazer tudo o que se fez até agora», afirma Susana Pereira, acrescentando que a luta «ainda não acabou».

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