Este sábado, assinala-se o Dia do Pai. Em Portugal, este dia coincide com o dia de São José, santo popular da Igreja Católica, mas noutros países o dia vai variando no calendário. A origem da comemoração deste dia não é certa e atribuem-se-lhe duas possibilidades. Uma delas aponta que uma americana, Sonora Luise, filha de um militar, decidiu começar a celebrar este dia pela admiração que sentia pelo seu pai. O marcar do dia terá começado a ficar conhecido nos Estados Unidos da América e, em 1972, o presidente Richard Nixon terá oficializado a efeméride. Por outro lado, conta-se uma outra história que remonta a 2000 a.C., quando um jovem rapaz, Elmesu, deixou uma mensagem numa placa de argila, onde desejava saúde, felicidade e muitos anos de vida ao seu pai.
Neste caso, não interessa tanto a origem mas o simbolismo que se atribui a este dia. Desde a entrada na escola, ou até antes, na creche e no pré-escolar, as crianças são motivadas a elaborar um presente para o seu pai, nesta época do ano. As ideias variam e dependem sempre mais da criatividade do professor do que das crianças, que apenas executam aquilo que lhes é pedido, ainda que com a maior dedicação possível. Na minha experiência enquanto aluna, sempre foram tidos em conta os casos em que os pais não podiam receber estes presentes, ou porque viviam longe dos filhos, física e emocionalmente, ou porque estavam presos, ou porque haviam falecido. Aí, falava-se da importância das mães que assumem os dois papéis ou de outros familiares que, informalmente, iam ocupando esses lugares, como avós ou tios. E, parece-me, ninguém saía melindrado desta história que se cose com linhas sensíveis.
Hoje, enquanto mãe e tendo a minha filha um pai presente, não posso deixar de pensar nos ucranianos cujas famílias se separam. Parece que todos os nossos pensamentos vão dar ao mesmo, mas é porque é assim mesmo, todas as nossas preocupações atuais se relacionam, de alguma forma, com o que está a acontecer naquele país. Por força da necessidade de defesa da sua pátria, os homens em “idade útil” estão proibidos de passar a fronteira para ficarem a lutar. Filhos e mulheres, como demais família, partem em busca de segurança, deixando para trás parte do coração. Quero acreditar que uma boa parte daquelas crianças, que vão com destino incerto e com pouco mais do que a roupa que trazem no corpo e o brinquedo que continua debaixo do braço, não compreendem ainda a dimensão do que estão a viver. Mas uma coisa é certa: sentem! Sentem a tristeza de se despedir de um pai, em lágrimas, consciente de que, além daquele instante, nada mais é certo. Sentem a angústia das mães pela incerteza do futuro. Sentem (ou sentirão muito em breve) as saudades, esse sentimento tão português, que não se diz noutras línguas, mas que bate em todos os corações. Saudades da sua casa, dos seus colegas de escola, dos seus amigos da rua, dos tios ou primos que não veem há muitos dias (e que, mal sabem, poderão não voltar a ver)… E do pai, essa será, com certeza, a maior. E só de pensar nisso, o nosso peito aperta-se. Que nunca tenhamos de o viver.