Celebrou-se no passado dia 21 de março o Dia Internacional das Florestas e para marcar esta data a Câmara Municipal de Porto de Mós, juntamente com a associação Vertigem, a Confraria Ibérica da Bolota e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), realizou um evento em Alvados para dar a conhecer ao público a floresta autóctone da região. A iniciativa contou com uma tertúlia a cargo do professor da UTAD João Paulo Carvalho e com um workshop liderado pelo professor aposentado de ensino secundário José Luís Araújo, além de intervenções do presidente da Vertigem, Rui Cordeiro. Ambos os professores, membros da Confraria Ibérica da Bolota, mostraram à comunidade possíveis usos dos carvalhos e da bolota.
O evento teve início com uma breve explicação por parte do professor João Paulo Carvalho sobre as árvores que se encontram na região de Alvados, maioritariamente carvalhos. O docente universitário destacou o quanto Portugal é «abençoado» pela condição natural da maioria do território português ser preenchido por esta árvore e referiu o quanto «não se tem aproveitado essa condição».
Uma das formas destacadas para o aproveitamento dos carvalhos foi a bolota, sobre a qual o membro da Confraria enumerou algumas vantagens como a sua capacidade de substituir o azeite, não ter glúten, ser rica em vitamina D e do ponto de vista energético ser um superalimento «melhor que a própria castanha», afirmou.
Para além de ser possível utilizar este fruto, João Paulo Carvalho explicou que os carvalhos têm outras possíveis utilizações, como por exemplo através do uso da madeira e de outras formas indiretas e intangíveis. Expôs seguidamente a importância de saber aproveitar o potencial dos carvalhos e salientou o quão mais rico o país poderia ser se «soubesse explorar esse recurso», que permitiria «uma maior rentabilidade económica».
Depois da tertúlia seguiu-se o momento de por as “mãos na massa” juntamente com o professor e membro da Confraria José Luís Araújo, que demonstrou como fazer pão de bolota e uma infusão do fruto. O antigo docente fez um breve esclarecimento das primeiras utilizações da bolota, enfatizando que antes de servir para alimento de porcos era comida para humanos: «Reza a história que os povos antes dos romanos tinham cerca de 80% da base da sua alimentação durante nove meses por ano assente na bolota», explicou.
A fazer o pão, José Luís Araújo mencionou a possibilidade de adicionar bolota a todos os pães e de substituir o café pela infusão de bolota, dizendo que a única diferença se prende no facto de não ter cafeína. No final do dia, houve um momento de convívio entre os presentes com um lanche partilhado.
No rescaldo da iniciativa, o presidente da Vertigem, Rui Cordeiro, assinalou ao nosso jornal «a boa adesão ao projeto» e referiu que, apesar de o ser um grupo limitado que não chega a mais de 30 pessoas, é essa a intenção, «pois não faz sentido trazer multidões para uma comunidade à escala pequena».
Fotos | Marta Silva