A revista digital de jornalismo narrativo, Divergente, dirigida pelo juncalense, Diogo Cardoso, acaba de engrossar o seu “portefólio” de prémios pela reportagem multimédia Por ti, Portugal, eu juro!, que «conta a história dos comandos africanos da Guiné, militares que integraram o Exército português durante a Guerra Colonial e que, depois do 25 de Abril, foram abandonados à sua sorte. Homens que reivindicam até hoje a devolução da nacionalidade portuguesa e o pagamento das pensões de reforma, sangue e invalidez que Portugal lhes prometeu».
A multipremiada reportagem esteve em destaque no Prix Europa, um dos prémios mais importantes no panorama europeu, que todos os anos junta em Postdam, na Alemanha, as maiores cadeias de emissão pública do continente. O trabalho de investigação, assinado por Sofia da Palma Rodrigues, com direção de Diogo Cardoso e produção de Luciana Maruta, foi considerado o Melhor Projeto Online Europeu do ano entre os 20 projetos selecionados pelo júri.
Esta é, então, a sexta distinção que a Divergente arrecada, desde 2021, com Por ti, Portugal, eu juro!. Desde que foi publicado o primeiro capítulo, em setembro desse ano, a reportagem multimédia foi distinguida com os prémios: Obciber (2021, Melhor reportagem multimédia), Prémio Literário Orlando Gonçalves (2022), Online Journalism Award (2022, Excelência e Inovação em Narrativa Digital, atribuído pela Online News Association, a maior associação mundial de jornalismo digital), Prémio AMI – Jornalismo contra a indiferença (2002) e Prémio Vicente Jorge Silva (2022) e agora com o Prix Europa.
Por ti, Portugal, eu juro! foi realizada entre os anos 2016 e 2021. A reportagem multimédia, divide-se em quatro capítulos, pode ser vista no endereço por-ti-portugal.divergente.pt.
“Prémios confirmam a qualidade do que fazemos”
Em declarações a O Portomosense, Diogo Cardoso considera que o mais recente prémio «tem uma importância enorme para a Divergente». «Somos um pequeno projeto de jornalismo independente, com apenas quatro pessoas a tempo inteiro, e ter um trabalho distinguido pelos próprios pares, que têm orçamentos e equipas infinitamente maiores que os nossos, é a confirmação da qualidade do que temos vindo a fazer. No mesmo ano, acabamos por ganhar um dos prémios mais importantes do continente americano (Online Journalism Award) e um dos mais importantes do continente europeu», frisa.
Para o jornalista natural do Juncal, estes prémios são importantes «pela visibilidade que dão à Divergente, fazendo o projeto chegar além-fronteiras» e levando a que mais gente conheça as histórias que publica, mas também «pela componente económica dos prémios que ajudam a sustentabilidade do projeto».
Sem fins lucrativos e recusando publicidade, a revista digital vive de editais e fundos de apoio a projetos de jornalismo independente e de interesse público, bolsas de investigação jornalística, apoios de Organizações Não Governamentais, parcerias com universidades, e do contributo voluntário de quem a lê, vê e ouve, o que leva Diogo Cardoso a confessar que no futuro gostaria de «depender mais da comunidade que segue a Divergente, que percebe a importância do trabalho» que faz e que a apoia com contribuições mensais. «Estarmos dependentes apenas dos prémios para continuarmos a fazer jornalismo independente, urgente e essencial não é verosímil», sublinha.
A Divergente é uma «revista digital de jornalismo narrativo», criada em 2014 por um grupo de pessoas que acreditam ser possível fazer um jornalismo «mais aprofundado, contextualizado e debatido». Nos seus trabalhos são tratados «temas de interesse público que tendem a ser sub-representados nos media». E para que o trabalho tenha a máxima qualidade, valoriza «o rigor em detrimento da rapidez contrariando a lógica imediatista das redações tradicionais».
