Aproxima-se o gig (atuação) número 100 para a DJ portomosense Groove Armanda. Natural das Pedreiras, mas “fora de casa” desde 2009, Armanda Santana tem-se dividido entre o seu ofício diário e o seu «hobby (que já não é bem um hobby)» noturno: o DJing.
Recentemente, esteve em pleno de evidência ao atuar no Lux Frágil, em Lisboa, e em três eventos de coworking no âmbito da Web Summit, mas o seu trajeto tem sido marcado por atuações em todo o país, continental e insular, com «dois lançamentos de coleção Zadig et Voltaire» à mistura.
Uma passagem pelo festival de música Paredes de Coura, este verão, é o ponto alto, com «alguns milhares» no público. O seu estilo está «muito dentro do indie rock, do indie dance» e, nos pratos, roda nomes como Groove Armada, banda que deu inclusive origem ao seu nome artístico: «[é] uma das minhas bandas preferidas, tinha um amigo que me chamava isto há muitos anos e eu achei que fazia sentido incorporar um bocadinho dessa piada. E já deu confusão, porque as pessoas acham que vão mesmo tocar os Groove Armada, mas no final toda a gente acaba a rir-se».
Groove Armanda teve a felicidade de arranjar emprego numa «indústria muito criativa», o que fez com que «desde muito cedo» estivesse «neste tipo de eventos»: «Tive aqui a possibilidade de ter muito contacto com bandas emergentes, e desde então comecei a colecionar para mim muitas bandas, muitas playlists, muitas músicas».
No início de 2020, estava num dos seus bares de eleição, o Incógnito, quando o proprietário a convidou «para ir lá fazer uma noite, às quintas-feiras, em que ele convidava pessoas que não eram DJ para ir pôr música». Ela aceitou o desafio, teve «umas aulas em casa de um amigo» e treinou durante um par de meses «para saber pelo menos o básico». A sua primeira atuação, «que supostamente era só uma noite e não se ia sequer voltar a repetir», acabou por não ser a última, e «começaram a chegar convites para tocar noutros sítios, eventos, bares, restaurantes». Nunca parou, diz, e agora tem entre cinco a seis atuações por mês, «às vezes mais, outras vez menos», conforme (e principalmente tendo em conta) «o trabalho do dia-a-dia».
«Uma das coisas que eu costumo dizer é que eu nunca pedi a lado nenhum para ir tocar, as pessoas vêm ter comigo, é o passa-palavra, ou veem no Instagram e gostam do estilo, porque eu acredito que não há muitas pessoas a tocar este tipo de música e principalmente raparigas que o fazem, conheço uma ou duas e pouco mais», explica.
Na agenda tem agora uma visita aos Açores, pela segunda vez, e o seu gig número 100, que será também a sua festa de aniversário. São 35 anos que vai comemorar no Incógnito, o mesmo espaço onde tudo começou. No concelho de Porto de Mós, «ainda não surgiu a oportunidade», além de que o seu registo não é «muito comercial, é mais independente, e muitas vezes o que se procura nessas festas [de aldeia] é uma coisa mais acessível a todas as pessoas e eu sei que estou um bocadinho num nicho», confessa.
Para 2024 ainda está sem marcações, mas não se preocupa com isso. Afinal, «isto continua a ser um bocadinho um hobby»: «Uma coisa que levo muito a sério, mas que gosto de fazer com calma e divertir-me a fazer isto, tento deixar a coisa rolar e ver, tem sido esta a atitude, e tem corrido bem até agora», frisa.
Para Armanda Santana, a sua verdadeira paixão continua a ser a Publicidade, mas adora «que consiga conciliar as duas coisas», porque acredita «que as pessoas não têm de ser só uma coisa, podem crescer em áreas diferentes».
Para já, está a ver «onde é que esta estrada» a leva, e «o que vier é sempre a acrescentar».
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