O Domingo de Ramos regressou este ano aos moldes habituais e marcou, como pertence, o início das comemorações da Semana Santa. De início, ao longo da Ponte Nova perfilavam apenas os catequizandos e os escuteiros e a população estava atrás da “muralha” fictícia – que representa a muralha de Jerusalém – e também nas laterais da ponte. À medida que a procissão avançou pela ponte, recriando a entrada de Jesus na Terra Santa, o padre José Alves foi benzendo os ramos dos fiéis. A procissão dirigiu-se depois para a Alameda Dom Afonso Henriques, seguindo para a Avenida Dr. Francisco Sá Carneiro, continuou para a Avenida de Santo António, Rossio e terminou em frente à Igreja de São Pedro onde tudo estava preparado para a celebração da missa campal. No final da missa, foi feito algo inédito na Paróquia de Porto de Mós. Os cajados distribuídos pelos jovens da catequese para ajudar na caminhada, e que estavam adornados com o número de fitas correspondente ao ano de catequese que frequentam, foram benzidos pelo pároco. Ainda num gesto simbólico de confraternização, os catequizandos bateram os cajados uns nos outros.
A população correspondeu ao apelo que havia sido lançado pelo Município e esteve presente em grande número no regresso das comemorações ao formato pré-pandemia. O presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, discursou no final e afirmou ser «uma emoção partilhar este momento» com os portomosenses. «É uma emoção também porque há dois anos que não fazíamos isto. Foi um tempo difícil, mas que revelou a resiliência da população do concelho», frisou. O autarca sublinhou ainda que este é um «tempo de afirmação da coesão do território que fica demonstrado», salienta, «pela quantidade de pessoas de vários pontos do concelho» presentes na celebração.
“Tapete de Flores” volta a envolver população
A Ponte Nova voltou este ano a ganhar cor com a construção do “tapete de flores”. O Município lançou o repto às coletividades e juntas de freguesia para angariar voluntários para esta construção. Íris e Laura Carreira são irmãs e foram duas das voluntárias que deixaram a sua marca neste tapete. Vieram em família (com os pais), provando que esta uma tarefa que pode juntar diferentes gerações. Ambas disseram «gostar de ajudar» e de fazer parte destas celebrações. Íris Carreira tem apenas 12 anos, mas não foi a primeira vez que aqui esteve com os pais a trabalhar para adornar a ponte. «Sempre estive ligada à religião e faço parte de um grupo de jovens», refere. Já a irmã, Laura Carreira, tem 19 anos e esta foi a primeira vez que conseguiu estar presente. «Gosto de estar aqui e acredito que como família nos unimos mais», salienta.
Vítor Raimundo tem 56 anos, é natural do Juncal e participa na construção do tapete desde que a iniciativa começou. «Vim ajudar no primeiro ano a pintar as serraduras porque não havia esse conhecimento aqui e eu já o tinha feito para as Festas de São Miguel do Juncal, onde costumamos ter os nossos tapetes», explica. O juncalense é ligado à religião e participa também como figurante nas recriações bíblicas promovidas pelo Município: «Acho que isto é muito importante e todos os anos tem vindo a melhorar e se para o ano me voltarem a convidar, vão contar comigo», garante.
Já Gabriela Antunes, de 54 anos, veio representar o Rancho Folclórico de Mira de Aire. «Já participamos há seis anos, tirando os anos de pandemia em que não houve, e acho que é muito importante estar aqui e o convívio entre associações também é bonito, conhecemos pessoas novas e fazemos o bem à comunidade», refere. A mirense sente «muito» as celebrações religiosas e toda esta envolvência: «Ainda ontem passou aqui um grupo de peregrinos a caminho de Fátima e ficámos todos a chorar, eles disseram que estava lindo e nós emocionámo-nos», conta.
Fotos | Isidro Bento e Jéssica Moás de Sá