Portugal estreia-se ontem no Campeonato do Mundo de futebol, mas as notícias que nos chegam do Catar, país anfitrião, têm ido muito além da bola. As primeiras e provavelmente as mais chocantes vêm do jornal britânico The Guardian, que afirma que, desde que o Catar foi escolhido, morreram mais de 6 500 trabalhadores, de países como Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka, em obras de preparação para o campeonato. O jornal diz ter-se baseado em dados governamentais destes países, mas afirma que o total de mortes é «significativamente mais elevado», já que há outras nações, como Filipinas e Quénia, que não disponibilizam números e que têm uma elevada predominância de trabalhadores no Catar.
As polémicas em torno do país que acolhe os jogos que todos querem ver não se fica por aqui. Neste país, a homossexualidade é crime punível por lei. Muitos capitães de equipa queriam usar uma braçadeira arco-íris como forma de protesto, tendo a FIFA proibido o ato. Os protestes estenderam-se também aos vários artistas que se recusaram a atuar na sessão de abertura.
Já em 2014, o Catar havia sido envolto em controvérsia, quando o jornal inglês The Sunday Times dizia que o país árabe tinha pago a “peso de ouro” o apoio à sua candidatura. Em 2018, o mesmo jornal acusava também o anfitrião do Mundial deste ano de fazer uma campanha de propaganda negativa sobre os seus “adversários” na candidatura, Estados Unidos da América e Austrália. O Comité de Candidatura do Catar negou todas as acusações.
Num campeonato atípico para quem gosta de ver os jogos na esplanada, ao sol, e este ano tem de vê-los à lareira, fala-se de muito, para além de futebol. E o leitor que nos acompanha, vai ver os jogos da mesma forma?