Já ouviu falar na Estação de Transferência e Ecocentro de Batalha e Porto de Mós da Valorlis? É para aqui que vão os resíduos indiferenciados dos mais de 54 mil munícipes dos concelhos de Porto de Mós e Batalha que depois são encaminhados para a Valorlis, em Leiria. O espaço, uma antiga lixeira, foi recuperado há 25 anos e desde então recebe (temporariamente) o lixo recolhido pela SUMA. Em média, são cerca de 44 toneladas de lixo comum que chegam diariamente a Alcanadas – entre 890 e 1 180 toneladas por mês – segundo dados facultados pela Valorlis. Esta é uma das três Estações de Transferência existentes na área de concessão da Valorlis (para além das de Ourém e de Pombal) que foram criadas por estarem em locais mais afastados da sede. Como o próprio nome indica, trata-se apenas de uma paragem para estes resíduos que acabam transferidos para o aterro sanitário em Leiria.
Todos os dias, o processo se repete. A partir das 11 horas, começam a chegar os primeiros camiões para descarregar o lixo. Em média, são quatro ou cinco, um número que sobe para oito à segunda-feira – alguns dos quais são obrigados a fazer duas viagens –, devido à quantidade de lixo. Assim que chegam, os motoristas encostam um cartão a uma máquina que automaticamente fornece o peso da carga e dirigem-se à tremonha, a máquina que compacta todos os resíduos. Daí, os resíduos vão diretamente para um contentor que, depois de cheio – suporta até 14 toneladas –, é transportado por um camião até ao aterro. Esses resíduos, explica a Valorlis, serão, posteriormente, alvo de uma das duas formas possíveis de tratamento: «Vão para o aterro, onde é feita uma cobertura diária com terras, com compactação e aproveitado o gás, que é libertado pela decomposição destes resíduos, para produzir energia elétrica, ou são encaminhados para a Unidade de Valorização Orgânica, onde é feita a transformação em adubo e também a produção de energia elétrica». Nesta unidade, são retirados todos os contaminantes, onde entram os recicláveis que já têm «muita contaminação e que, por isso, poderão ser ou não, em função do grau de contaminação, aproveitados para reciclagem».
Reciclagem: um longo caminho a percorrer
Óscar Moreira é operador de equipamentos e trabalha há três anos nesta Estação de Transferência. É o responsável por receber os resíduos e a pessoa que comanda e vigia todo o processo de transferência para o contentor. Mais do que ninguém, consegue verificar que muitos dos resíduos que ali chegam foram colocados indevidamente no contentor e que o seu destino deveria ter sido o ecoponto. «Só quem está aqui é que vê o que as pessoas põem para dentro do lixo normal. A maior parte do lixo são garrafas e plástico», lamenta.
Ao longo dos 25 anos de existência, a Valorlis reconhece que se tem assistido a uma «evolução positiva» no que toca à reciclagem, contudo admite que ainda existe um longo caminho a percorrer, sobretudo quando se trata de «educar a população». É comum ouvirmos pessoas a admitir que não fazem a separação do lixo por acharem que o preço que pagam mensalmente “pelo lixo” justificaria esse serviço por parte da empresa. Porém, a Valorlis garante que não pode haver ideia mais errada: «O que colocamos no lixo normal não vai ser alvo de separação. Ao fazer a separação, estou a garantir que os meus resíduos serão enviados para reciclagem, se os coloco no lixo normal, podem ser como podem não ser e a maior garantia é que não são». «A separação do lixo tem que estar no nosso ponto de ação todos os dias», sublinha.
138 toneladas de monstros entregues em 2021
A Estação de Transferência de Batalha e Porto de Mós dispõe também de um Ecocentro, ou seja, um local onde a população pode entregar de forma «totalmente gratuita» resíduos de maiores dimensões – normalmente conhecidos por monos ou monstros –, como frigoríficos, sofás e colchões, madeira, sucata, além de também poder depositar recicláveis. A este Ecocentro chegaram em 2021, segundo dados da Valorlis, «138 toneladas de monstros e três de madeira».
O espaço está aberto ao público de segunda-feira a sábado, das 8 às 13 horas, mas este serviço apenas está disponível para o cidadão comum e por isso é exclusivo para lixo doméstico: «Todas as empresas, pelo volume e tipo de resíduos que têm, têm de fazer o seu próprio tratamento dos resíduos e recorrer a empresas especializadas», explica a Valorlis. A acrescentar à campanha em vigor de sensibilização para o devido encaminhamento dos monos, a Valorlis reitera a necessidade de a população recorrer a este serviço. «Não recolhemos o lixo que é deixado ao lado dos ecopontos porque não temos capacidade de recolha, nem viaturas próprias. É impensável colocar um frigorífico nos nossos camiões que têm grua e compactador», esclarece ainda a empresa.
Fotos | Jéssica Silva