Neste quase ano e meio de mandato, o tema que mais esteve na berlinda, em termos autárquicos, foi aquilo que a oposição apelidou de “festas e festarolas”, e ao qual, julgo, se deu uma importância desmedida. Ainda é muito cedo para balanços mas julgar o trabalho do atual executivo quase só pelas ditas festas, além de redutor, será também, um pouco injusto. Que diabo, em quase ano e meio, nada se fez pela positiva, ou mesmo pela negativa, que mereça idêntica atenção?
Propositadamente, nos últimos tempos, tenho procurado comentar alguns temas apenas quando já não estão no topo da atualidade porque, apesar de amiúde recordar que o editorial é um espaço de opinião e não de informação, e que aquilo que aqui fica escrito é da única e exclusiva responsabilidade de quem o assina, há quem persista em não o entender e confunda opinião (com a qual, eventualmente não se concorda), com má informação prestada aos leitores. Mas, claro, um dia teria de calhar trazer aqui este tema.
Pessoalmente, não me choca a quantidade de eventos realizados no ano passado, que de forma genérica podemos designar de “festas”, ou na versão do vice-presidente da Câmara e vereador da Cultura, “projetos”. Porto de Mós necessitava (e necessita ainda) de mais e melhor animação e de atividades que cumpram o duplo papel de, principalmente, aos fins de semana, levar a que os filhos da terra permaneçam no concelho, e que os de fora se sintam suficientemente atraídos a visitar-nos.
Essa política tem custos? É claro que sim! Esse propósito está acima de qualquer custo? Obviamente que não. Há, como em tudo, que tentar um ponto de equilíbrio. Não faz sentido haver eventos já de alguma dimensão todas as semanas, nem, hipoteticamente, gastarem-se vários milhares de euros por edição, até porque no caso dos dinheiros há outro fator que julgo importante não se perder de vista, que é a necessidade ou o interesse de comparar aquilo que se gasta com essas iniciativas com o investimento feito noutras áreas da Cultura ou em toda a atividade municipal. Exemplificando com uma situação doutros tempos, sempre me chocou que houvesse mais dinheiro para gastar em dois dias de marchas populares, que para comprar livros e revistas para a Biblioteca Municipal. Ambas têm valor mas há que saber colocar as coisas nos patamares certos.
Com uma ou outra exceção, não me parece que tenha havido “festas” em demasia em termos de quantidade, resta é saber se, como defende a Câmara, todas foram bem planeadas e tiveram, tanto quanto possível, um fio condutor a uni-las. Que sejam vistas como projetos e inseridas num plano mais vasto, acredito e penso que é a estratégia correta, não sei é se com tanto que havia para conhecer da nova casa e da sua imensidão de áreas, os responsáveis autárquicos tenham tido sempre tempo suficiente para analisar os “prós” e “contras” de cada evento, ou, pelo menos, as reais mais-valias dos mesmos.
Mais que estar a contar projetos, o que interessa é que, muitos ou poucos, sejam feitos com rigor, tenham qualidade e obedeçam a uma estratégia bem definida.
Isidro Bento