Isidro Bento

Mea Culpa

28 Fev 2019

Custa um bocadinho mas tem de ser. Depois de já por diversas vezes ter aqui escrito com todas as letras ou deixado nas entrelinhas a minha convicção de que a “coisa pública” funciona quase sempre a passo de caracol e muitas vezes mal, hoje lá terei de fazer mea culpa e reconhecer que tenho estado este tempo todo enganado. Se não, como é que consigo explicar o facto de mais de 10 meses depois de ter dirigido um e-mail a um organismo na dependência da Administração Central, ter recebido a respetiva resposta, por sinal bem simpática e, mais importante, com respostas claras àquilo que tinha sido perguntado e apresentado?

Então, lá poderei eu pôr em causa a rapidez e eficácia e, acima de tudo, o empenho em bem servir a causa pública, de uma entidade que está praticamente um ano a tratar do meu caso e depois, ainda, me responde de forma simpática e, pasme-se, com resposta concretas?

Sim, teria razões para protestar se percebesse que tinha sido ignorado ou se tivesse recebido uma resposta daquelas educadamente simpáticas mas que são só para “despachar”. Mas não, aqui não posso dizer nada disto porque só com muita má vontade é que poderia considerar que um ano é tempo insuficiente para analisar e dar resposta a algo que as más-línguas diriam que se fossem elas, responderiam, no máximo, em três dias, e isto porque o volume de trabalho nessa altura do ano era muito.

Como não sou de ligar às más-línguas e nunca gostei de gabarolas, lá terei de aqui, publicamente, reconhecer que estava enganado: a máquina do Estado, nos seus vários níveis, afinal, ainda funciona bem e nunca se esquece de nós, pode é demorar mais algum tempo que aquele que leigos na matéria, como eu, esperariam, mas isso, não é culpa sua.

Ironias à parte, a verdade é que se o caso é sério para o cidadão comum, pior se torna para quem necessita de respostas quase sempre para ontem para poder fazer o seu trabalho o melhor possível. Esta necessidade da comunicação social não é de hoje, sempre foi assim, mas agora, com a pressão própria de um tempo dominado pela internet e pelas redes sociais, que não se compadece com tempos longos e vive muito do imediato, mas a tal “coisa pública” (e muitas vezes privada também) continua a ignorar isso e os exemplos são inúmeros e tantas vezes embrulhados de autênticas faltas de respeito pelas instituições e pelo trabalho alheio.

Na altura a que escrevo, a um dia da saída de uma nova edição, continuo à espera de resposta a um pedido de informação simples que dirigi a uma entidade supra-concelhia sobre um dos assuntos que fizeram a capa… da edição que saiu há 15 dias…

A isto há a juntar os pedidos de informação/dados que as mais variadas entidades, desde autarquias a ministérios nos garantem até quase ao último minuto que vão enviar e depois não enviam, obrigando-nos em pleno fecho de edição, e depois de 50 telefonemas, a “inventar” uma solução, ou aquelas situações em que ficamos dias, semanas, à espera do telefona do assessor X, do vereador Y, que, sem perguntarmos, nos tinha sido prometido para daí a umas horas ou na pior das hipóteses, para “amanhã”…