Isidro Bento

Turismo (2)

11 Abr 2019

Nesta quinzena volto ao tema “turismo” para que se cumpra aquilo que é quase um ritual neste espaço. Depois da visita à Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), o maior certame de turismo nacional, há sempre reflexões a partilhar inspiradas na feira que é o local preferido das entidades regionais de turismo, comunidades intermunicipais e municípios, para se promoverem junto dos agentes turísticos e público em geral.

Ao contrário das empresas portomosenses que estiveram lá representadas, achei a BTL mais fraca que no ano passado mas é natural que haja esta divergência de opiniões porque profissionais e leigos olham para a feira de forma diferente e com expectativas igualmente distintas.

E já que falo das empresas há que dizer que continuam a ser poucas mas são boas e têm sabido aproveitar a BTL para se promoverem junto dos agentes que interessam ao seu respetivo segmento de mercado e, num segundo plano, junto do público em geral. Pelo meio, vão promovendo o concelho, conscientes de que se são importantes e necessárias no território, também é certo que esse mesmo território constitui uma mais-valia para cada uma delas.
Em termos de promoção institucional, Porto de Mós parece continuar a ter alguma dificuldade em encontrar o seu espaço e a forma mais eficaz de o fazer. A nível de materiais promocionais, o pouquíssimo que havia ficava a uma distância enorme do melhor que se faz ao nível da CIMRL e se havia brindes para os visitantes (aquilo que estes mais procuram), não os vi. É urgente, por isso, apostar em bom material promocional em termos de conteúdos e de design e agora já nem há a desculpa da falta de recursos humanos porque os há e são excelentes profissionais na área em que se formaram.

Este ano, a Câmara decidiu fazer uma, bem intencionada “ação de charme” na BTL, com a promoção de doces locais, procurando de alguma forma, também, promover a candidatura ao concurso que se propõe eleger os melhores doces de Portugal. A intenção é boa em si mas duvido dos seus efeitos práticos. O stand encheu para provar as iguarias portomosenses mas a ação decorreu num único dia e, ainda para mais, num daqueles dedicados apenas ao público profissional, ora, pode até haver algum Futre do turismo que venha dizer que depois disto “vão vir charters” de turistas à procura da nossa doçaria, mas eu, com menos fé, não acredito que um operador turístico pense em trazer gente a Porto de Mós por causa dos seus doces tradicionais. O melhor que o concelho tem para oferecer, ou aquilo que nos torna, se não únicos, diferentes dos restantes municípios, não são definitivamente os doces mas se queremos apostar nesse segmento então talvez tenhamos mais sucesso se partirmos à conquista da gula do cidadão comum e não do profissional do turismo. Mas isso levanta outro problema: além dos Pastéis de Mós, dos Pastéis de Mira de Aire e dos biscoitos do Juncal, onde é que o turista acabado de chegar ao concelho encontra à venda a restante doçaria apresentada na BTL?