A Rosários 4 vai receber durante um mês e duas semanas um grupo de artistas, no âmbito do Manufatura, um programa de residências artísticas performativas, com o qual se pretende juntar «duas áreas distintas – artística e empresarial/industrial» –, com vista a «apoiar a fixação de artistas e o desenvolvimento de espetáculos através da lei do mecenato», explica Fréderic Pires, diretor artístico do Leirena Teatro – Companhia de Teatro de Leiria, a entidade organizadora, em parceria com a NERLEI.
A empresa Rosários 4, especializada no fabrico e tingimento de fios para tricô, croché e arraiolos, tem a particularidade de ser a primeira onde este projeto «muito importante e único» irá arrancar. «A NERLEI entrou em contacto com uma série de empresas “fora da caixa”, pela forma como promovem e potenciam o seu produto e como chegam a vários públicos. A Rosários 4 foi a primeira [empresa] que acolheu e acolheu maravilhosamente bem o projeto. Fomos extremamente bem recebidos», destaca Fréderic Pires. Será aí, nas instalações da unidade industrial em Mira de Aire, que um grupo de artistas irá construir, durante os meses de junho e julho, um «espetáculo original tendo por base a empresa – tudo o que ela representa, simboliza e até mesmo a sua matéria-prima, que promove, desenvolve e vende», explica.
Entretanto, já foi lançada a open call, através da qual artistas de todo o país e do estrangeiro, individuais ou coletivos, se poderão candidatar. «Os espetáculos são criados por artistas que não são do Leirena Teatro. Nós somos simplesmente os criadores e produtores do projeto», esclarece. As candidaturas estão abertas até ao dia 30 de abril. Quem quiser obter mais informações poderá fazê-lo através do contacto telefónico 911 989 754 ou por e-mail para geral@leirenateatro.pt.
A apresentação final do espetáculo será depois realizada nas instalações da Rosários 4, em data ainda a definir, e, ao que tudo indica, irá acontecer em dois momentos distintos: «Uma será dirigida para a população local, para os colaboradores e respetivas famílias, e a outra para os clientes e as pessoas que estejam interessadas porque o que queremos também é promover a empresa que tem estado a apoiar a cultura e as artes», justifica, considerando que este será um «momento muito especial». Após esta apresentação será realizada uma nova open call para uma outra empresa, pelo que nunca haverá residências artísticas a decorrer em simultâneo neste projeto. «Nós, Leirena, queremos acompanhar os processos e os projetos e dar todo o apoio aos artistas», refere. O número de empresas que farão parte do Manufatura ainda está em aberto mas o desejo é o de que, com o resultado final desta apresentação, isso possa surtir efeito noutras que pudessem estar mais reticentes em aderir. «Estamos a falar de um projeto único mas há empresas que nunca ouviram falar de apoiar artistas através da lei do mecenato e estar nas instalações a criar um espetáculo sobre a empresa. Em algumas, isso não faz parte dos seus planos de comunicação, pelo que não lhes interessa, e nós também temos que saber respeitar as estratégias de comunicação e de promoção das empresas», conclui.
Foto | Bruno Sousa