A 8000Kicks, empresa com sede em Mira de Aire e sucursal nos Estados Unidos da América, doou 30 pares de sapatilhas feitas em canábis a refugiados ucranianos a viver na freguesia. Juntamente com Otília Santarém, a sua avó, Bernardo Carreira é o rosto por detrás da empresa que desde a sua fundação, em 2019, tem promovido várias ações de solidariedade. Desta vez, sabendo que vários familiares de amigos tinham fugido da Ucrânia para se refugiarem no concelho, nem pensou duas vezes na hora de ajudar: «Essas pessoas, em muitos casos, vêm sem nada, apenas com roupa que trazem vestida e pouco mais. Achámos que era importantíssimo dar o nosso apoio», explica o CEO da empresa, que fabrica e comercializa vários artigos feitos a partir do cânhamo da canábis, desde sapatilhas, mochilas e até carteiras.
As doações foram feitas ao longo do ano de 2022 mas só agora a empresa anunciou, uma decisão que o CEO explica: «Honestamente podíamos ter feito muita divulgação e acabámos por não fazer. Nós acreditamos que “what goes around, comes around” (O que vai, volta também). Eu e a minha avó simpatizámos muito com estas pessoas, algumas até nos vêm ajudar ao nosso armazém. Achámos que era a coisa certa a fazer». Com cada par de sapatilhas a custar 125 euros, esta ação representou um investimento de 3 750 euros para a empresa, um valor que apesar de reconhecer «ser grande», desvaloriza: «É muito bom saber que estas pessoas estão bem calçadas, porque quando precisamos delas também estão dispostas a ajudar. Não estamos a olhar ao dinheiro mas ao facto de sermos todos humanos».
Parte das sapatilhas, algumas com pequenos defeitos, mas a maioria novas, foram entregues diretamente às pessoas. As restantes doações foram realizadas em colaboração com o Município de Porto de Mós que estabeleceu a ponte com as famílias carenciadas. «Entrámos em contacto com a vereadora da Ação Social, que nos disse que estava a trabalhar com a comunidade ucraniana em Porto de Mós», explica. Bernardo Carreira descreve o momento das entregas como «emocionante»: «Houve uma criança que tinha os sapatos todos rotos e extremamente apertados. Notou-se que estava mesmo a precisar, a mãe começou logo a chorar», conta. Bernardo Carreira considera que todos se mostraram satisfeitos e felizes por terem recebido sapatilhas novas. «Foi possível sentir a gratidão das pessoas. Disseram-nos que estes sapatos [impermeáveis] são ótimos para esta altura do ano, alguns até dizem que já não precisam de mais nenhuns. Está toda a gente super contente», conclui.