Luís Vieira Cruz

Entrevistas que marcam

14 Ago 2024

Ainda não passou uma semana desde que me questionaram sobre a entrevista que mais prazer me deu preparar. A carreira não é tão longa quanto a de muitos dos meus pares, mas também não começou propriamente ontem e a memória já atraiçoa. Escolher uma de centenas, quiçá milhares, é obra. Portanto, hesitei. Desde o espectro político ou cultural ao desportivo, onde gosto particularmente de me mover, muitos são os nomes de figuras mais ou menos incontornáveis que me saltam à vista. Mal eu sabia que horas depois ia estar a transcrever parte da peça que hoje assino nas páginas 25 e 26 da secção desportiva.

Falar com o Nuno Nogueira – atleta de basquetebol e andebol em cadeira de rodas – já tinha sido especial dada a facilidade comunicativa com que me presenteou e que rapidamente incitou uma longa troca de impressões que em circunstâncias ditas comuns pouco mais de meia horita duraria. Perguntar, calar de seguida e escutar atentamente cada resposta, agora “reouvida”, transcrita e passada para o papel foi um deleite. E é isso que o jornalismo tem de bom. Costumo dizer que quando “cá” chegamos não sabemos particularmente nada de nada, mas acredito que ao sairmos, já velhos e cansados das guerras provocadas por quem teme a verdade da nossa pena, levamos connosco uma bagagem que nos permite dissertar sobre um autêntico manancial de temáticas trazidas para cima de qualquer mesa.

Em pouco mais de ano e meio n’O Portomosense foram vários os entrevistados que me marcaram, quase todos eles ligados a áreas com as quais nunca havia tido o menor contacto, mas o Nuno conseguiu de certo modo tirar-me da zona de conforto e transportar-me para uma realidade que nunca vivi porque a lotaria da genética assim o ditou. Falou-se de condicionalismos, de autonomia e falta dela, de desporto, de sonhos, de futuro, et coetera…

É bem provável que da próxima vez que a tal questão me for colocada, o seu nome se junte à tal restrita lista de preferências.