Está encerrada a época 2022/2023 para a União Recreativa Desportiva Juncalense (URD Juncalense). Num culminar de sonho, a turma do Juncal conquistou, no espaço de duas semanas, dois troféus inéditos: a primeira Taça do Distrito e a primeira Supertaça. O treinador e presidente do clube, Marco Aurélio, fala de um término de temporada que «fica na História»: «Manutenção conseguida (a URD Juncalense ficou em 10.º lugar na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Leiria), chegar à Final Four da Taça e ganhá-la pela primeira vez, porque daqui a 20 anos ninguém se lembra que o Juncalense foi lá cinco vezes, mas lembram-se que ganhou uma vez e está lá [na sede do clube] o comprovativo. E a Supertaça é o bónus disto, é a Supertaça, [apuramento para a] Taça de Portugal, possivelmente a Taça de Honra do Distrito de Leiria. A época é um sucesso total», garante o técnico.
Os azuis e brancos venceram o Clube Recreativo de Chãs na final da Taça do Distrito, por 6-4, e, há precisamente uma semana, bateram o campeão da Divisão de Honra, a Sociedade Cultural Recreativa Gaeirense (SCR Gaeirense), na final da Supertaça, por 3-2. «A melhor equipa do campeonato», admite o capitão, João Grazina, falando «da cereja no topo do bolo». Marco Aurélio já tinha avisado que a URD Juncalense não queria «ser o bobo da festa» e ambos, capitão e treinador, consideram a vitória merecida.
“São sempre nossos”
A moldura humana que acompanha o emblema do Juncal foi um dos grandes destaques de ambas as finais, com quase seis centenas de adeptos no acumular dos dois jogos, inclusive com demasiados apoiantes para as escassas bancadas do Pavilhão Gimnodesportivo da Amarense, na Supertaça. «[Temos que] agradecer muito, a uma quarta-feira às 21h30 da noite estão aqui 200 pessoas, é de louvar», frisou João Grazina, ainda em campo, segurando a Supertaça que tinha acabado de conquistar. O capitão faz parte de um grupo restrito de jogadores que estiveram presentes nas cinco fases finais disputadas pelo clube: além dele, estão no Juncal, pelo menos desde 2016, Bruno Kalanga, Nuno Ascenso e Ricardo Leal. «Estamos a ficar mais velhotes», confessa ao nosso jornal, «mas ainda cá andamos e vamos continuar» na próxima época. João Grazina já foi treinador, mas a recente paternidade levou-o abdicar da função. Agora só volta «quando deixar de jogar», confessou. Mas voltará, porque essa é uma mentalidade que se tem promovido na URD Juncalense. Já medalhados os jogadores, abriu-se o campo às muitas pessoas que, de uma forma ou de outra, estiveram ligadas ao clube.
«Gostamos de dar valor a quem já andou cá desde o primeiro ano», explica o capitão. «Éramos uma equipa que ninguém conhecia, começámos do nada e damos valor às pessoas que estiveram cá no 1.º e 2.º ano, porque sonharam tanto como nós. Agora não estão cá dentro, mas estão lá fora, é igual, são sempre nossos». Marco Aurélio, 18.º presidente do clube, diz também que «estes jovens que entram aqui [no campo] são tudo jogadores que estiveram 10, 15, 20 anos no Juncalense, uns acabaram a carreira, outros foram para outro lado jogar, mas nós não podemos deixar de reconhecer tudo o que deram. Não me esqueço de quem me trouxe até aqui e estes jogadores trouxeram o Juncalense até aqui, não estão cá, mas fizeram parte destas conquistas, sem estas pessoas o Juncalense não existia hoje».
O futuro
Marco Aurélio faz ainda referência à juventude do seu conjunto, que terminou a época com pelo menos cinco elementos da equipa B e um júnior no grupo principal. «Hoje [dia 31 de maio], acabar de festejar, amanhã, começar a preparar o ano que vem, com calma, discretos, como fizemos na época passada». Ainda sem garantias se ficará no comando técnica da equipa ou se se cingirá apenas à presidência, há, pelo menos, uma certeza: «Nós sabemos o que queremos, terá de ser alguém com este perfil, eu ou outro. Agora ainda temos uma longa caminhada, mas mais importante que o treinador é que esta qualidade se mantenha aqui. E o projeto é este, com jovens, com malta vinda da formação, quem estiver aqui tem de aproveitar esta qualidade, e eu tive a sorte de a aproveitar». Esta temporada, a formação da URD Juncalense garantiu a manutenção na Divisão de Honra do escalão de Iniciados, foi campeã distrital na 1.ª Divisão Distrital com os Juvenis, subiu de Divisão com os Juniores, para a Honra, mantendo assim as quatro equipas masculinas na mais alta divisão do futsal distrital. O treinador da equipa B (que terminou no 11.º lugar da Série B da Primeira Divisão Distrital), Carlos Raimundo, enaltece o facto de o clube continuar a apostar nos mais novos, que considera «uma mais valia que tem levado esta Associação a um patamar invejável», e refere também a participação da formação no suporte aos seniores: «Tem sido um prazer ver a dedicação dos mais novos, quer nos jogos, quer no apoio aos mais velhos. É uma verdadeira família a URD Juncalense», considera.
Agora, as duas Taças ficarão no “museu” do clube, «uma ao lado da outra». «Esperamos que, para o ano, não vamos a pensar “ganhámos já e isto acabou aqui”, porque chegar lá acima é duro, manter exige mais trabalho, e é isso que vamos fazer, trabalhar muito e esperar que a sorte e a qualidade que há aqui chegue para mais troféus», conclui.
Foto | Luís Vieira Cruz