Quando começámos as pesquisas para identificação dos ex-combatentes de Porto de Mós que participaram na Grande Guerra fizemos várias diligências junto de várias entidades e pessoas. Naturalmente também contactámos as Juntas de Freguesia e os seus presidentes. Cada um fez o que pode e soube. No contacto com a Junta de Freguesia de Serro Ventoso fomos informados pelo seu presidente de que aquele órgão autárquico não tinha pessoal disponível para esse efeito, nem dados sobre o assunto. As nossas pesquisas continuaram noutros locais e arquivos e. até agora, encontrámos dezasseis combatentes daquela Freguesia. Um deles (António Cordeiro) era de Chão das Pias e morreu em combate, um segundo (Manuel Sebastião) foi condecorado com a medalha de Cruz-de-Guerra de 4ª classe por ter capturado um alemão. É uma das três “Cruzes de Guerra” atribuídas a combatentes de Porto de Mós. Um terceiro era marinheiro e navegou em zonas de guerra a bordo de quatro navios diferente, no período1914 a 1918. Dos treze restantes era um enfermeiro, dois de cavalaria, quatro de artilharia e sete do Regimento de Infantaria 7 de Leiria. Havia dois irmãos de Mato Velho (Morgado) e dois irmãos de Serro Ventoso (Marques). Após as nossas pesquisas fomos surpreendidos por um amigo que nos enviou uma foto de um Memorial de Serro Ventoso que contém o nome de 18 combatentes daquele lugar que teriam participado na Grande Guerra em Angola. As letras muito sumidas davam alguma credibilidade. Ficámos estupefactos uma vez que nenhum daqueles nomes nos tinha sido enviado nem aparecido nas pesquisas e, por isso, não figuram no “Memorial” inaugurado em Porto de Mós no passado mês de novembro. Seguidamente foram contactados o Gabinete da Cultura da Câmara de Porto de Mós, museu Municipal, Arquivo Municipal, Arquivo Ultramarino, Arquivo Geral do Exército (AGE), Arquivo Histórico Militar e nem um daqueles dezoito nomes nos apareceu ou foi referido. Os livros de datas de nascimento de mancebos do A.G.E. foram consultados entre 1885 e 1898 e o incansável professor Victor Louro também diligenciou nas pesquisas. Não conseguimos encontrar nenhum. Fui ao local e inquiri junto de populares que “Memorial” era aquele. Informaram-me que aquela placa era uma das quatro que inicialmente ali foram colocadas. Duas caíram e foram levadas para parte incerta (Tinham os nomes dos combatentes de Moçambique e Guiné), e uma outra estava no quiosque ali ao lado. Fotografei-a e verifiquei que mencionava combatentes na Índia. Depois de vários contactos no local, concluí que aquele memorial, afinal, tencionava homenagear combatentes da Guerra Colonial (1961/1975)e não da Grande Guerra (1914/1918). Aqueles homens estão a ser homenageados por terem participado numa guerra que quando aconteceu eles ainda não eram nascidos. Como foi possível tal equívoco?… Até hoje nenhuma pessoa, ou entidade, verificou tamanho erro?… E se o erro foi detetado porque é que até hoje ainda não foi corrigido? Deixo uma sugestão à Junta de Freguesia de Serro Ventoso. Tirem aquela placa quanto antes. Corrijam a redação, acrescentem os da Grande Guerra, destaquem o nome do combatente que morreu em combate. Não deixem que se repitam mais equívocos. Sugiro também a autarcas e pessoas e entidades que quando se pense em levar a cabo iniciativas deste género se contacte, previamente, a Liga dos Combatentes a pedir a colaboração. Por certo os erros e omissões serão menores e menos flagrantes.
José Conteiro