882. Na vida procuramos simbolismos em tudo e são eles que, em momentos bons ou maus, dão ainda mais sentido a “isto” de viver. Se este número, pelo qual começo este texto, vos diz pouco, a mim grita-me um ensurdecedor “vai, miúda!”. A primeira vez que escrevi n’O Portomosense foi na edição 882 e, 118 edições depois, deixem-me que vos diga que aqui a miúda – que já temeu o contrário – continua a acreditar que o jornalismo vai sobreviver e, acima de tudo, o papel. Estamos na edição mil. Como diria Marcelo Rebelo de Sousa: «Esperávamos, desejávamos, conseguimos! Vitória!». Chegar aqui, brincadeiras à parte, é ter a certeza que ao longo destes 40 anos foi a qualidade do trabalho feito por todos os que fizeram e fazem parte deste jornal que sobressaiu. E foram muitos os rostos. E foram muitas as lutas que foram travando. Não é a miúda que o diz, ou se o diz, está simplesmente a reproduzir as muitas memórias que foi ouvindo da “velha guarda” que tão importante foi e é para preservar a identidade do nosso O Portomosense. Mas chegar aqui também é a certeza de que há quem continue a acreditar na importância de ter um jornal da terra, que o compra em banca ou que é assinante, e a vocês: mil obrigadas. Ou melhor, 882.
“O jornal sempre esteve em mim e eu nele” – a frase é de uma pessoa que não posso deixar de mencionar: João Matias, fundador d’O Portomosense. Ao contrário de João Matias, não posso dizer que o jornal esteve sempre em mim, mas posso garantir que nunca mais sairá de mim. Sou portomosense e tal como no passado se fez, como tentamos fazer no presente e como desejamos que se faça no futuro, quero acima de tudo que Porto de Mós seja contado. Que a verdade dos portomosenses seja contada. Que continuem a existir muitas miúdas a quererem fazer jornalismo nas suas terras para que todas as terras sejam contadas.
Em 1982, dia de São Pedro, três amigos conversavam (João Matias, Artur Vieira e José Costa) e um deles decidiu perguntar: “E se se fizesse um jornal em Porto de Mós?” João Matias respondeu: “Haja quem me ajude e eu faço-o”. Em 2023, e arrisco a falar por uma redação inteira, queremos entrar na conversa: Haja quem nos leia e acredite no jornalismo local, que O Portomosense não irá parar. Vemo-nos na 1001?