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Exercer o direito de voto em tempos de pandemia, foi fácil e seguro?

4 Fevereiro 2021
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

4 Fev, 2021

As eleições presidenciais de 2021, em plena pandemia, foram um verdadeiro desafio para a democracia. O Governo pediu que os eleitores não se esquecessem: levar máscara, a própria caneta e cumprir o distanciamento social. Ainda assim, com regras estipuladas, havia quem defendesse que estas eleições deveriam ter sido adiadas. A verdade é que se realizaram e temos presidente eleito. Para quem organizou toda a logística das mesas de voto, colocaram-se muitos entraves, mas a pergunta que se coloca é: afinal, qual é o balanço? No concelho nem todas as freguesias têm experiências parecidas, o que deriva sobretudo do diferente número de eleitores e do espaço onde é feito o ato eleitoral. Aqui trazemos o retrato, através de quem fez parte da organização, de três freguesias: Pedreiras, Porto de Mós e São Bento.

Apesar dos desafios, um balanço positivo

Teresa Vieira foi presidente da mesa de voto 2 na freguesia das Pedreiras e está satisfeita com a forma como a votação decorreu: «Correu muito bem, o espaço era bastante amplo e arejado, com entradas e saídas em portas diferentes. Tudo o que eram objetos de proteção, como máscaras, luvas, álcool-gel, existiam em todas as mesas em quantidades suficientes para os elementos das mesas e para os eleitores», garante. Na rua, frisa Teresa Vieira, «nunca houve grandes filas e as pessoas mantiveram o distanciamento», entrando «uma de cada vez» para a mesa de voto. «Tivemos o auxílio precioso das funcionárias da Câmara Municipal [de Porto de Mós] que limparam as cabines e a tampa das urnas sempre que votava uma pessoa», salienta. Dois dos aspetos diferenciadores nas Pedreiras, em relação às duas outras freguesias que aqui referimos, foi «a medição de temperatura» à entrada e a utilização de grades «a separar as entradas para cada mesa de voto para que as pessoas fizessem uma fila separada». Teresa Vieira afirma que «toda a gente estava bastante satisfeita com elogios rasgados à organização».

Tony Trovão, tesoureiro na Junta de Porto de Mós, não traça um retrato tão positivo. Estas eleições começaram por ser mais difíceis ainda antes de acontecerem, no processo de preparação: «Foi uma organização mais complicada, a tentar perceber qual ia ser a dinâmica para não haver grandes aglomerados». Estando no processo pré-eleições e depois, presente todo o dia, no dia da votação, acredita que este objetivo inicial foi «mais ou menos atingido», mas muito condicionado por um constrangimento alheio à Câmara e à Junta. «Houve um erro da Comissão Nacional de Eleições ao fazer as alterações que a Câmara e a Junta enviaram, fizeram mal a distribuição e por isso havia pessoas que tinham recebido mensagens com a mesa errada onde votavam. Isso criou-nos um problema, algumas pessoas entraram para a mesa errada e depois tivemos de os voltar a levar para outra mesa, o que fez com que as pessoas estivessem mais tempo à espera», explica. O elemento da Junta frisa ainda que a diferença entre os eleitores de cada mesa é também um problema, porque «há mesas com 1500 eleitores e mesas com 400, por isso houve mesas sem fila e mesas com fila o dia todo».
Criar as filas à entrada da Escola do 1.º Ciclo de Porto de Mós, local de votação na freguesia, não foi também a melhor ideia, admite Tony Trovão: «Não tem o espaço indicado para as pessoas passarem, o portão de entrada afunila um bocado». Ainda assim, o tesoureiro defende que «toda a gente estava a tentar manter o distanciamento» e que não viu «ninguém sem máscara». Mais de «50%» das pessoas levaram a sua própria caneta, mas a Câmara tinha canetas para oferecer a quem não tivesse, em todas as freguesias. Há «melhoramentos que podem ser feitos» e já a pensar no futuro, Tony Trovão deixa uma sugestão: «Não sou eu que decido, mas se estiver no próximo ato eleitoral ainda com pandemia, a sugestão que farei é mudar o local de votação. Arranjar um sítio mais amplo, sem tantas divisões de corredores e em que se conseguisse dividir logo as pessoas à entrada», salienta. O responsável diz ainda que no fim do ato eleitoral falou com o presidente da Junta, Manuel Barroso, e com o presidente da Câmara, Jorge Vala, que disseram que «iam fazer os possíveis para as coisas serem alteradas».

Em São Bento «foi tido o cuidado para implementar as regras da melhor forma para ter tudo em segurança e garantir que qualquer pessoa que votasse, pudesse fazê-lo de forma segura e penso que isso foi respeitado», afirma Licínio Barreiro, presidente de uma mesa de voto. À semelhança das outras freguesias, esteve presente «uma funcionária que fez a desinfeção cada vez que alguém votava» e houve sempre um elemento da Junta no exterior «a evitar que se formassem filas grandes e com proximidade entre as pessoas». O espaço amplo ajudou: «Nós temos bastante espaço à volta da sede da junta e por isso não houve problema, as pessoas tinham distanciamento e entravam por uma porta, votavam e saíam por outra». Uma porta para entrar e outra para sair foi prática seguida nas restantes localidades. Licínio Barreiro referiu ainda que a Câmara disponibilizou «uma tenda para que caso chovesse» as pessoas estivessem protegidas. Os elementos das mesas de voto foram «testados», uma medida do Município que, na opinião do responsável, «trouxe tranquilidade aos eleitores». O responsável ficou surpreendido «pela positiva com a afluência destas eleições» e o feedback geral que recebeu foi satisfatório: «Não houve qualquer crítica», sublinha.

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