A exposição itinerante que assinala as quatro décadas desde a primeira edição d’O Portomosense e que se espera que percorra as várias freguesias do concelho de Porto de Mós ao longo dos próximos meses já está patente. A primeira paragem foi o Castelo de Porto de Mós, onde pode ser visitada e apreciada, até ao dia 9 de fevereiro. A mostra O PORTOMOSENSE – 40 Anos a Escrever a História da Nossa Terra foi formalmente inaugurada no passado dia 7 de janeiro, um momento que marcou também o arranque das comemorações dos 40 anos do jornal, que se prevê que ocorram ao longo de todo o ano. «O que se pretende é que todo este ano seja de festejo, pelos 40 anos de vida e, sobretudo, pelo trabalho que se tem conseguido fazer ao longo de décadas», explicou a diretora d’O Portomosense, Catarina Correia Martins.
A mostra é composta por 69 capas: uma por cada ano, a que se somam as edições de números redondos do jornal (desde a 100 à 900), a que se juntará, em junho, a edição 1000, sem esquecer, claro, o “número 1” do jornal. Nesta exposição é ainda possível recordar todas as capas da Revista de São Pedro, feita anualmente por altura das festas concelhias.
“Este jornal vive de e para os portomosenses”
Na inauguração estiveram presentes não só colaboradores e membros que atualmente fazem parte do jornal, como outras pessoas que, em tempos, de uma maneira ou de outra, também tiveram uma ligação a O Portomosense, pessoas cujo trabalho, o presidente do conselho de administração da Cincup – cooperativa que gere O Portomosense e a Rádio Dom Fuas –, Pedro Vazão, não quis deixar de enaltecer: «Durante estas 987 edições, todos os que passaram pelas diversas atividades e funções dentro do jornal, fizeram com que esta ideia do seu fundador se perpetuasse ao longo destes 40 anos de existência». Embora o âmbito do jornal seja local, Pedro Vazão fez questão de recordar os leitores que, mesmo não residindo no concelho, procuram ler as notícias que lhes chegam através d’O Portomosense. «Este jornal vive dos portomosenses e para os portomosenses, e é para eles, residentes em Portugal ou nos quatro cantos do mundo, que diariamente trabalhamos para levar da forma mais fiel e isenta as notícias da nossa terra», frisou.
As palavras de agradecimento foram dirigidas «aos antigos diretores», aos «antigos e atuais colaboradores», «à atual redação e funcionários da Cincup» e a todos os convidados. Pedro Vazão agradeceu ainda aos cooperantes da Cincup, que «fizeram parte dos órgãos sociais e contribuíram para esta obra», e não esqueceu aqueles que foram os seus «companheiros de viagem» no conselho de administração durante os últimos 17 anos, que «de forma praticamente ininterrupta procuraram levar este “barco a bom porto”».
A cada dia, um novo desafio
Há cerca de um ano no cargo, a diretora d’O Portomosense, Catarina Correia Martins, começou por assumir ser «uma grande honra» estar a dirigir um jornal no momento em que se assinalam quatro décadas sobre a sua fundação e recordando aquele que era o propósito do fundador, João Matias, – «ter um órgão de informação ao serviço do concelho de Porto de Mós» –, garantiu que esse continua, também hoje, a ser o objetivo que norteia o trabalho de cada elemento da redação que chefia: «Servir os leitores, dar-lhes o que eles precisam de saber», reconhecendo, porém, que isso «nem sempre é, necessariamente, o que querem saber».
Ciente dos desafios a que todos os dias os jornalistas estão sujeitos, nomeadamente o meio digital, podendo este revelar-se «uma ameaça para o papel e até para a informação», e com o Facebook a ser um “local” «onde toda a gente se sente jornalista», a diretora d’O Portomosense prefere olhar para o mundo digital como «um aliado» para o seu trabalho, «não só para a confirmação de informação que surge a uma velocidade estonteante, mas também para agilizar contactos e para levar o produto final a leitores menos agarrados ao tradicional cheiro do papel e aos dedos pintados de negro pelo folhear», sublinha.
Como é ser-se jornalista num órgão de comunicação local? Muito diferente de um jornal com amplitude nacional, estar-se-á a responder o leitor, mas Catarina Correia Martins esclarece: «É simultaneamente empolgante e assustador». «O entusiasmo pode encontrar-se em cada esquina. Por outro lado é, não raras vezes, exigido a cada um de nós um esforço quase hercúleo para levar a cabo aquelas que são as nossas funções e a ética que a nossa profissão exige», reconhece. Pese embora todos os desafios e dificuldades inerentes à profissão, a diretora d’O Portomosense considera positiva a qualidade do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido: «O resultado final, no entanto e apesar de todos os constrangimentos, tem conseguido na nossa mais modesta opinião cumprir» a sua missão.
“Para o concelho é fundamental que o jornal possa existir”
O vice-presidente da Câmara de Porto de Mós, responsável também pela vereação da Cultura, Eduardo Amaral, foi outro dos intervenientes na cerimónia de inauguração, durante a qual reconheceu o «papel relevante» que O Portomosense tem, não só «na comunidade local», mas também como «embaixador» da comunidade que «se encontra espalhada por todo o mundo». «Para o concelho é fundamental que o jornal possa existir. Todos sabemos que cada um de nós podia ter o seu jornal porque as notícias nunca serão as mesmas para todos. A escolha e as opções serão sempre contestadas», considerou.
Eduardo Amaral mostrou-se satisfeito por ver que entre os presentes estavam antigos elementos da redação do jornal e dos órgãos sociais da Cincup, elementos esses que, considera, acabaram também por fazer parte da sua história. «É bom ver toda a família que ajudou a construir esta casa aqui presente, porque são várias histórias mas muitas lutas, de afirmação de um meio de comunicação que cada vez é mais difícil de sobreviver», frisa. Para o vereador da Cultura, o percurso d’O Portomosense tem sido marcado por uma «luta permanente de sobrevivência»: «O que fez que, com pouco, conseguíssemos [Eduardo Amaral também já fez parte dos órgãos sociais da cooperativa] fazer muito, mas que conseguíssemos sistematicamente poder ter a cabeça de fora e orgulhar-nos do nosso pequeno jornal». Esta é uma luta que, defende, nunca deve ser apagada: «Nunca podemos esquecer de onde viemos e como aqui chegámos», conclui.
Fotos | Jéssica Silva