Natural de Mira de Aire, Maria Tristão, de 25 anos, pinta desde os 14, uma atividade que lhe suscita uma emoção inagualável, «difícil de explicar». A iniciativa que visa evidenciar os artistas “da terra” por parte da Junta de Freguesia de Mira de Aire fez com que o convite chegasse à jovem licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, dando-lhe a oportunidade de ver expostas, no total, 15 obras pintadas a óleo. A mostra está patente na Igreja Velha até ao dia 20 de maio, aos fins de semana, das 15 às 18 horas. «É um orgulho. Quis imenso aproveitar a oportunidade para poder mostrar um pouco às minhas pessoas, à minha família também. E então tem a sua dimensão emocional, familiar, de voltar à terra, de mostrar às pessoas da terra. É diferente ver uma pintura ao vivo do que ver fotos no Facebook ou no Instagram», revela a artista.
O mundo natural é o elemento fulcral da sua arte
“Tanto sonho à flor das águas”, como disse Manuel Alegre num dos poemas de Abril, Trova do Vento Que Passa, criou uma ligação entre a natureza, o povo e o seu futuro, numa mensagem final de resistência e otimismo. Também nas obras de Maria Tristão perdura a natureza e o que a envolve. «[O objetivo] era mostrar à minha terra como é que as minhas raízes se refletem no meu trabalho. (…) E um grande assunto em especial é a relação com a natureza e o quão a natureza me afeta. Tenho uma relação espiritual com a natureza, de a entender quase como uma divindade e uma reflexão sobre crescer num meio natural», refere.
Atualmente a exercer como pintora, a artista tem os olhos postos no que o futuro guarda para si, intencionado estender os seus conhecimentos fora de Portugal. Maria Tristão ambiciona estudar, mas também ter a oportunidade de integrar residências artísticas. «Pretendo continuar a fazer residências, se possível anualmente, mas também é preciso que haja a vontade das outras partes, das entidades, de aceitar e de receber. Há imensos investimentos e burocracias», conclui.
Foto | JF Mira de Aire