Jorge Sampaio, o antigo Presidente da República, faleceu esta sexta-feira, dia 10 de setembro, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, onde estava internado desde o passado dia 27 de agosto. O ex-chefe de Estado estava a passar férias no Algarve quando sentiu dificuldades respiratórias e acabou por ser transferido para Lisboa, onde viria a morrer.
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto que declara três dias de luto nacional entre 11 a 13 de setembro (sábado, domingo e segunda-feira) pela morte do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, e a realização de cerimónias fúnebres de Estado. O luto nacional implica que a bandeira deve ser içada a meia-haste em todos os edifícios públicos «devendo ser cancelados ou adiados os eventos organizados ou promovidos por entidades ligadas ao Estado».
Enquanto Presidente da República, cargo que exerceu durante dois mandatos, entre 1996 e 2006, um dos concelhos que visitou foi o de Porto de Mós. Em dezembro de 1999 esteve no concelho para inaugurar a Clean Compounds, no âmbito da semana temática da saúde. Jorge Sampaio regressou em 2000, no decorrer da visita que fez aos distritos de Leiria e Lisboa, tendo marcado presença em vários locais emblemáticos da vila, nomeadamente o Castelo de Porto de Mós, o Moinho de São Miguel e a antiga Ecoteca.
Fazendo uma viagem no tempo ao percurso de vida de Jorge Sampaio, em 1983 foi eleito líder do Partido Socialista (PS) e na mesma altura foi eleito presidente da Câmara de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993. Depois de deixar as suas funções na Presidência da República, em 2006 foi nomeado pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e entre 2007 e 2013 foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.
Em 2013 fundou a Plataforma Global para os Estudantes Sírios, à qual presidia, com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens para trás sem acesso à educação.
Ao longo da sua vida, Jorge Fernando Branco de Sampaio desempenhou os mais altos cargos políticos no país. Ainda estudante, iniciou como um dos protagonistas, na Universidade de Lisboa, da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, até ao 25 de Abril de 1974. Após essa data, militou em formações de esquerda, como o MES, onde se cruzou com Ferro Rodrigues, ex-líder do PS, atual presidente do parlamento, e só aderiu ao partido fundado por Mário Soares em 1978.
Advogado de formação, Jorge Sampaio defendeu casos célebres, como a defesa dos réus do assalto ao Quartel de Beja, o caso da «Capela do Rato», em que foram presas dezenas de pessoas que protestaram contra a guerra colonial.