A 9 de novembro de 2020 era inaugurado o Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia de Porto de Mós e desde então que a sua lotação tem estado preenchida quase na totalidade. A informação é dada pelo veterinário municipal, Pedro Cavaca Caetano: «Já tínhamos alguns cães no canil provisório e isto ficou quase lotado logo na altura», referiu a O Portomosense, aquando da nossa visita, no passado dia 13. Nesse momento, e mais uma vez, o canil/gatil municipal estava «quase cheio», com um total de 23 cães e 15 gatos. «O problema é que são muito mais os animais que recolhemos do que aqueles que conseguimos dar para adoção», sublinha, acrescentando que, nesse mesmo dia, tinha sido chamado ao Tojal para recolher mais quatro cães.
Veterinário no concelho há cerca de quatro décadas, conta que o histórico «chegou a atingir os 500 a 600 cães recolhidos durante um ano. Agora são menos, no entanto, hoje ainda falamos de centenas de cães por ano», refere. Quando são recolhidos, os animais, sejam cães ou gatos, são tratados, «por vezes têm que estar isolados numa jaula diferente dos outros, são recuperados e esterilizados. Quem os adotar, leva-os já esterilizados, vacinados e com microchip [de identificação]», explica. Este trabalho é, no entanto, por vezes, dificultado porque, por se tratar de uma estrutura municipal, «a lotação é estipulada por lei», o que nem sempre permite acudir a todos os pedidos.
Pedro Cavaca Caetano acredita que o grande número de animais abandonados «tem a ver com a falta de fiscalização e a falta de educação e consciência das pessoas»: «O que acontece é que a maior parte das pessoas não coloca o microchip, que é obrigatório. As forças policiais também não controlam se os animais estão identificados com microchip ou não. A maior parte dos cães que são encontrados na rua não o têm e, portanto, não conseguimos identificar o seu proprietário», avança. Na sua opinião, «se começar a haver uma fiscalização maior sobre os proprietários», talvez esta realidade mude um pouco. «Tem que haver uma educação e formação que a maior parte das pessoas não tem», conclui. Já no que aos gatos diz respeito, o veterinário acredita que a esterilização possa ser o caminho já que «há muitos gatos de colónias», sem dono, que se reproduzem com muita frequência.
Educação para a comunidade, quando a pandemia deixar
Aquando da inauguração, a Câmara revelou ter em marcha campanhas de sensibilização para a adoção e, no horizonte, ações de educação nas escolas e para a comunidade em geral, mas todas as atividades ficaram «condicionadas pela pandemia». Todavia, são ideias que não estão esquecidas. «Queremos trabalhar com as escolas, falar com as pessoas», refere, dando um exemplo da extrema necessidade dessas ações: «Tenho um caso muito concreto, há um centro educativo no concelho que já me telefonou três vezes para alertar que andavam cães abandonados na escola. E eu propus que era uma boa oportunidade para ir lá falar, se calhar alguns miúdos podiam adotar os cães ou sensibilizar os pais, transmitir o recado para que não abandonassem animais. A resposta das três vezes foi: “Não, venha cá recolher os animais, porque falar aos miúdos dá muito trabalho”. E eu ia lá gratuitamente. Quando um diretor de uma escola me dá esta resposta, enquanto continuarmos com esta mentalidade, não pensem que esta ou alguma Câmara tem capacidade de absorver todos os cães abandonados, isso é uma utopia», frisa.
Sabia que o seu cão pode ser vacinado no canil municipal
O médico veterinário municipal, Pedro Cavaca Caetano, além de cuidar dos animais “hospedados” no Centro de Recolha Oficial de Animais de Companhia, está também disponível para alguns serviços para outros animais. «Todos os anos faço uma campanha de vacinação em que vou à maior parte das aldeias do concelho e faço a vacinação, que até é mais barata porque o Estado suporta parte do custo. Depois, além desses dias, ao longo do ano, as pessoas podem vir aqui e pagam o preço normal de campanha», explicou a O Portomosense.