Fazer o bem, sem olhar a quem
Estamos a exatamente 10 dias do dia de Natal, e por esta altura, é comum sermos bombardeados com pedidos de solidariedade. À medida que esses apelos surgem, crescem também as criticas de quem defende que “se deve ajudar o ano inteiro” e que questiona como é que as pessoas que estão a ser ajudadas conseguem sobreviver o resto do ano. Porém, se por um lado, há quem apenas se mostre solidário nesta altura, há também quem ajude nos 365 do ano. Partindo do Dia Internacional do Voluntariado, que foi celebrado a 5 de dezembro, decidimos trazer até a si nesta edição, três testemunhos de quem de uma forma ou de outra tem dedicado parte da sua vida a ajudar o próximo. Exemplos de resiliência e de quem não desiste à primeira adversidade.
A verdade é que se torna cada vez mais urgente as pessoas despertarem para a solidariedade e começarem a praticar algum tipo de voluntariado. Se essa era já uma necessidade premente, sê-lo-á ainda mais daqui para a frente. A chegada da pandemia veio acentuar as dificuldades de algumas famílias e trazer à tona outras tantas, até agora camufladas. As famílias ficaram mais vulneráveis e o aumento galopante dos pedidos de ajuda são reflexo disso mesmo. No entanto, a pandemia não trouxe apenas nuvens negras carregadas de negativismo e receio, veio mostrar também que a população é capaz de ser muito solidária. Entre pessoas que passaram a ir às compras pelos vizinhos mais vulneráveis e outras tantas que se juntaram para fazer máscaras quando havia escassez desse equipamento de proteção individual, nunca houve uma mobilização tão grande para ajudar.
Fazer o bem, sem olhar a quem: Um ditado popular, tão antigo quanto corriqueiro, mas que nunca fez tanto sentido como agora. Este é o lema de muitos dos voluntários que hoje, por causa do chamado inimigo invisível tendem a ver o seu trabalho redobrado. O voluntariado não pára, nem pode parar. Se isso acontecesse, acredito que aquilo que veríamos, muito provavelmente, aproximar-se-ia de um apocalipse. Mas afinal, quais os sentimentos que fazem mover um voluntário? O que o faz deixar o conforto da sua casa para ir ajudar alguém? A resposta é amor. Por vezes, a vida de algumas pessoas mergulha numa escuridão de tal forma profunda que o amor entregue pelos voluntários é a única esperança que ainda lhes resta para conseguirem sair desse lugar, escuro como breu, onde se enfiaram e a que há muito tempo ninguém consegue chegar.