Há mais de duas décadas que a localidade de Cabeça Veada, na União de Freguesias de Arrimal e Mendiga, não recebia o Festival de Acordeão. Para contrariar esta tendência e regressar aos “bons e velhos tempos”, a sociedade recreativa local organizou nas suas instalações, no passado dia 13 de maio, a quinta edição deste certame.
Foram cerca de 100 as pessoas oriundas da região ou das redondezas que acorreram à sede para uma noite de música, animação e espetáculo. A jovem acordeonista convidada Andreia Sofia, natural do Cartaxo, assumiu a batuta da festividade, apresentando-a e entrando em “cena” logo após o jantar, que teve início pelas 20h30. A ela, mais tarde, juntaram-se em cima do palco João de Castro, de Torres Vedras, Vitor Apolo, da Lourinhã, e Emanuel Soares, de Sobral de Monte Agraço. Lúcio Ferraria foi o artista “da casa” convidado.
Os ritmos agitados dos cinco acordeonistas proporcionaram rapidamente um ambiente de nostalgia contagiante. Entre aplausos, sorrisos e exclamações por parte do público, não tardou muito até que os primeiros pares se levantassem das cadeiras para um “pezinho de dança”. Por entre uma dezena de bailarinos, destacou-se Francisco Joaquim, mais conhecido por “Chico Porreta”. Do alto dos seus 90 anos, mostrou que a idade não passa de um número e que ainda tem energia para dar e vender. Encontrando “um espacinho” para falar a O Portomosense, Francisco Joaquim explicou que se deslocou «de Pé da Pedreira, em Alcanede, a convite de um amigo» e mostrou-se satisfeito por poder «reviver os velhos tempos». «Acho que a comunidade desta região precisa de mais iniciativas deste tipo», sugeriu.
Da mesma opinião comunga o presidente da entidade organizadora do evento, a Sociedade Recreativa de Cabeça Veada, Manuel dos Santos Rosário – ou Manuel Nazaré, como prefere ser chamado: «Hoje tivemos uma casa composta. Algumas pessoas falharam à última hora, por diversos motivos, mas o evento correu bem. Todos se divertiram e aproveitaram um serão cheio de animação», resumiu. Quando questionado sobre o regresso do certame, 22 anos depois, o responsável foi perentório. «Atravessou-se aqui [na Sociedade Recreativa de Cabeça Veada] e até na minha vida um período mais difícil, mas decidimos que estava na hora de levar este evento para a frente. Esta foi a quinta edição e a sexta, se eu cá estiver, será realizada para o ano», prometeu.
Fotos | Luís Vieira Cruz