Antevia-se uma noite fria na região mas a verdade é que se em anos transatos o mau tempo beliscou o Festival Nacional de Folclore organizado pelo Rancho Folclórico de Pedreiras, empurrando-o para o Salão Paroquial, a verdade é que no passado sábado, dia em que se chegou à 40.ª edição, “todos os santos ajudaram à festa”, promovendo um serão recheado de dança, música, tradição e, acima de tudo, de gente.
O Rancho Folclórico de Pedreiras tem quase meio século de existência, 46 anos para sermos mais precisos, e até hoje não houve dois festivais exatamente iguais naquela freguesia. Umas edições com mais público e participantes, outras com menos, a localização também foi variando, mas a verdade é que desde a sua estreia este certame só não se realizou num par de ocasiões, devido à pandemia de covid-19.
Este ano, a organização encabeçada por Fátima Amado, presidente da Direção da coletividade, foi ainda mais arrojada ao arriscar levar de volta o folclore ao adro da antiga Igreja Matriz, espaço escolhido a dedo tendo em conta o tema deste ano: os 100 anos da freguesia e da paróquia de Pedreiras. E é caso para dizer que a organização arriscou e arriscou bem, tal foi a enchente. As várias bancadas que ladeavam três quartos do palco instalado entre a igreja e o coreto lotaram bem antes do desfile etnográfico do rancho da casa e dos quatro convidados, tendo ainda dezenas de pessoas procurado um espaço para assistir de pé a todo o evento.
Como manda a tradição, inaugurou o palco o rancho anfitrião. Uma atuação muito elogiada pelos grupos etnográficos convidados, não só pela qualidade apresentada, como também pelo facto de esta ser uma das poucas associações que foge à regra nacional por conseguir um equilíbrio entre juventude e experiência. E foi justamente a partir do fator experiência que adveio um dos momentos mais emotivos da noite. Depois da terceira coreografia do Rancho Folclórico de Pedreiras, foi tempo da também habitual entrega de lembranças aos membros com mais anos de “casa”. Foram atribuídas medalhas de 10, 20 e 25 anos, mas Joaquim Coelho, um filho da terra com 71 anos de vida e há 45 ligado à coletividade, recebeu honras de todos os presentes, tendo a sua medalha sido entregue num ato simbólico pelos elementos mais jovens do grupo.
Pisaram o palco em seguida, e por esta mesma ordem, o Rancho Regional de Fradelos, em representação do Baixo Minho; o Rancho Regional de Argoncilhe, em representação do Douro Litoral; o Rancho Regional e Folclórico de Candosa, em representação da Beira Alta Serrana; e o Rancho Folclórico e Etnográfico de Odiáxere, em representação do Algarve.
Em declarações a’O Portomosense logo após o encerramento do Festival, Fátima Amado dirigiu as suas primeiras palavras à equipa que a acompanhou na organização do evento e que diz ter «dignificado os 40 anos do Festival Nacional de Folclore». Seguiu-se uma manifestação de apreço e de sentimento «de dever cumprido» pelo facto de se ter conseguido transportar o certame para junto do coreto, no Largo Dr. Brito Cruz: «Foi ali que o nosso rancho começou, é um espaço que está ligado à nossa história, à história da freguesia e também à história de muitos casais que por ali se conheceram». Por fim, Fátima Amado recordou o papel dos elementos mais antigos do Rancho, considerando-os «a sua maior força» por serem «quem não deixa ninguém ir a baixo nos tempos mais difíceis» e que dão o exemplo aos mais jovens porque «sempre que podem, estão lá».
Fotos | Luís Vieira Cruz