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Final antecipado não beliscou sucesso do “Festival Viver”

1 Outubro 2023
Luís Vieira Cruz

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Luís Vieira Cruz

1 Out, 2023

“Viver, sentir, gostar, promover Porto de Mós no seu todo, freguesia a freguesia, de forma autêntica e coesa”. Este é o mote pelo qual se têm norteado as edições passadas do Festival Viver e o ano de 2023 não foi exceção. O Largo da Igreja de Alvados, na União de Freguesias de Alvados e Alcaria, foi o local escolhido para acolher o certame e não desiludiu. Entre os dias 15 e 16 de setembro, milhares foram aqueles que se dirigiram ao recinto para poderem desfrutar desta festividade itinerante e descentralizada que, por questões de segurança relacionadas com fatores meteorológicos, não chegou ao fim.

As hostes do Festival Viver abriram-se logo na sexta-feira (dia 15), pelas 21 horas, com uma arruada ao som das Concertinas da Barrenta, mas foi a Neon Run que mais público atraiu nessa noite à localidade de Alvados. Para esta corrida a organização esperava 850 participantes, o número de inscrições efetivadas até então, mas à última da hora foram quase 150 as pessoas que ainda se conseguiram registar ou que mais tarde se foram juntando ao volumoso grupo. Este número a rondar a casa dos milhares agradou à presidente da junta de freguesia local, Sandra Martins, que confessou ao nosso jornal ter ficado especialmente satisfeita com os comentários que lhe teceram alguns dos participantes: «Tive, em relação à prova noturna, um feedback muito positivo. Muitas das pessoas com as quais falei nunca tinham participado nem nunca tinham passado por estes sítios, não os conheciam… E, apesar disso, comprometeram-se a regressar para percorrer estes trilhos novamente, mas de dia», frisou. Questionada sobre a receita para o sucesso daquela que era considerada a principal atividade desportiva do cartaz, Sandra Martins não hesitou em responder que o segredo esteve «nas características únicas do percurso» e na animação que considerou «um pouco mais completa» do que aquela que encontrou em setembro de 2022 na edição que decorreu em Mira de Aire.

Dois dias marcados pela forte adesão

Depois de uma primeira noite de festa, que culminou com a atuação da DJ Sara Santini, raiou o segundo dia do certame, novamente marcado por uma forte adesão por parte da população que, desde as 10 horas da manhã até à madrugada do dia seguinte, teve a oportunidade de participar em atividades tão diferenciadas como workshops e passeios temáticos, sessões de yoga e de meditação, aulas ginástica sénior, jogos de aventura e batismos a cavalo, e também de assistir ao encontro de cavaquinhos, a demonstrações desportivas, ao sunset animado pelo DJ Zenoop, a animações diversas de rua, a desfiles e arruadas, ao concerto da banda Némanus e ao baile de fim da noite do músico e “entertainer” Foka Energie.

Alunos e atletas premiados

À semelhança do dia inaugural, também o sábado ficou marcado por um evento específico. A Gala da Educação e do Desporto foi, sem grandes surpresas, uma das figuras de proa do Festival e levou a que o adro da Igreja de Nossa Senhora da Consolação e toda a área envolvente ficassem pejados de gente. Nesta cerimónia foram reconhecidos por parte do Município de Porto de Mós os alunos, atletas e instituições portomosenses que se destacaram a nível académico ou desportivo ao longo do último ano. Discursando perante uma vasta plateia, o presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, começou por salientar a importância do investimento na Educação: «Investir nesta área não é só investir no futuro, mas sobretudo garantir o futuro. O investimento que o Município faz para fixar os jovens nas nossas escolas tem associado a fixação das famílias, também elas jovens, num concelho que, no passado, além de perder população, via a idade média das suas pessoas a subir de forma vertiginosa. Este concelho, hoje, tem mais 300 alunos do que tinha nos dois anos anteriores, por isso acreditamos que Porto de Mós é um concelho com o caminho voltado para o futuro», vincou.

Entre elogios ao tecido empresarial local, que considera essencial para garantir estabilidade através da criação de empregos e de condições para estabilizar a vida das famílias, Vala aproveitou a oportunidade para destacar também, entre outras medidas, os investimentos que têm sido realizados nas escolas do 1º ciclo, recordando que está neste momento em curso um concurso para a ampliação e requalificação da Escola Secundária de Porto de Mós.

Município anuncia apoio a universitários

E para os alunos universitários, o autarca trouxe boas notícias: «Aos que ingressam e aos que frequentam o Ensino Superior, o Município vai proporcionar bolsas de estudo, e ao melhor aluno do concelho que terminou o 12.º ano será atribuído um apoio financeiro equivalente à propina de um ano para ajudar nas suas despesas» anunciou.

Focando a segunda parte da sua intervenção nos atletas galardoados, Jorge Vala mostrou-se orgulhoso por saber que «são muitas as dezenas [de desportistas] que levam o nome de Porto de Mós bem longe e que de forma extraordinária dão o melhor de si, quer a nível regional, quer nacional ou internacional», e assumiu sentir-se «honrado por poder atribuir um simbólico agradecimento que comprova a importância que cada um tem para o concelho». Ciente das dificuldades que os atletas vivem, sobretudo com a falta de apoios estatais, o presidente da Câmara mostrou-se solidário ao reconhecer que muitas das vezes estes «ficam entregues aos apoios da Junta de Freguesia, do Município ou à boa vontade de amigos e família», e não ignorou o facto de «quem vai ao estrangeiro competir ter que suportar todas as despesas e ainda ter que adquirir a camisola com as cores nacionais», caso que garante já ter acontecido no concelho.

Como mensagem de despedida, o autarca considerou que são estes obstáculos que fazem destes jovens «campeões a dobrar» e pediu-lhes para não desistirem dos sonhos, prometendo que «o Município estará cá para apoiar».

Pauleta deixou desafio aos mais novos

Também nesta Gala discursou o antigo craque do PSG e da Seleção Nacional, Pedro Pauleta, que atualmente assume funções na Federação Portuguesa de Futebol e que foi o convidado de honra da organização. O açoriano, nascido em abril de 1973 em São Miguel, reconheceu que «é muito mais fácil jogar futebol e marcar golos do que falar para tanta gente», mas, numa curta intervenção, disse-se satisfeito por estar presente num evento que consegue juntar o Desporto e a Educação, duas áreas que assume terem que andar «de braço dado», já que «o desporto faz naturalmente um aluno ser melhor e vice-versa».

Aproveitando a oportunidade em cima do palanque, Pauleta aproveitou para parabenizar os galardoados e deixou o repto a todos aqueles que estivessem a assistir, para que se esforçassem para ser os premiados do próximo ano.

Chuva encurtou o Festival

Esperavam-se, inicialmente, três dias de festa, e tal como sábado, o dia de domingo (dia 17) prometia ser repleto de animação. Contudo, as intempéries que se abateram não só sobre Alvados mas praticamente sobre toda a região circundante fizeram soar os alarmes na Câmara Municipal de Porto de Mós, principal entidade organizadora, que optou por fazer da segurança a sua grande prioridade e anulou as atividades previstas para o derradeiro dia.

Na ótica de Sandra Martins, «cancelar um evento é sempre uma decisão muito difícil de se tomar, até porque estamos a envolver muitas pessoas, pessoas que criaram expectativas, que têm as suas coisas organizadas e que acabam por ver os seus planos adiados, mas isto não é culpa de ninguém, é algo que nos ultrapassa e temos que acima de tudo precaver a segurança de todos os envolvidos e do próprio espaço». Ainda que se tenha mostrado compreensiva e conformada com a decisão, a autarca confirmou que foi sugerida a possibilidade de realizar o que restava do evento num espaço interior, mas a mesma foi recusada, diz, por parte de Miss Cindy, a grande cabeça de cartaz deste dia de encerramento que considerou não ter condições para realizar o seu espetáculo infantil. «Às vezes pensamos que é só chegar e atuar, mas os artistas têm os seus requisitos e o espaço interior não tinha as dimensões que [Miss Cindy] pretendia. Ela não queria fazer o espetáculo no interior e é óbvio que à chuva também não o poderia fazer, estava fora de questão. Portanto, perante esta decisão da artista e perante o cenário que se apontava, que era também, além de chuva, de ventos fortes (o que acabou por não se verificar), eu percebo a decisão», salientou.

Apesar dos contratempos, balanço é positivo

«Independentemente de tudo, o balanço que faço é altamente positivo. Tivemos uma boa representatividade do movimento associativo – que beneficiou ao compartilhar o mesmo espaço de refeições, […] e sentimos que o facto de termos feito do Festival Viver um eco-evento foi uma aposta ganha. No dia em que levantámos o evento não havia copos nem garrafas ou outro tipo de lixo que costuma ser característico. Acredito que nesse sentido superámos as expectativas e acho que as pessoas provaram que o Festival está realmente vinculado aqui no concelho e que deve ser algo para continuar», reforçou a autarca.

Foto | Luís Vieira Cruz

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