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Final do verão traz o fim da requalificação da antiga Central Termoelétrica

29 Julho 2021
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

29 Jul, 2021

Trinta de setembro. É esta a data prevista para a conclusão da requalificação da antiga Central Termoelétrica de Porto de Mós, revelou o presidente da Câmara, Jorge Vala, numa visita às obras. O edifício que faz parte da história do concelho, outrora usado para produção de energia elétrica a partir do carvão, vai agora ser utilizado como espaço «polivalente de funções na área da cultura, ciência e atividades criativas». Uma zona de auditório, um centro de documentação/pesquisa, o arquivo municipal, espaços para exposições temporárias e permanentes, uma loja com alguns produtos de merchandising são os elementos que o irão integrar.

O autarca aproveitou para anunciar que em termos de exposições permanentes «vamos ter o espólio ligado ao engenheiro João Monteiro da Conceição, à história da Ricel e também aos carros IPA [produzidos pelo próprio, no concelho]». Estas três viaturas estão no Museu do Caramulo, mas o Município está a ultimar, junto da família um protocolo de cedência, para fazer regressar ao concelho este espólio. «Sem querer adiantar muito», Jorge Vala revela que estão também a ser preparadas outras exposições, nomeadamente «no setor da pedra natural»: «Temos uma forte ligação com este setor e conseguimos ligar com muita facilidade a pedra natural à cultura e à arte», disse.

As parcerias com o Instituto Politécnico de Leiria e a Universidade de Aveiro estão também em cima da mesa para trazer para este espaço «a investigação e o conhecimento».

Área envolvente vai também ser requalificada

Presente no local, o arquiteto que assina o projeto afirmou que este é um espaço «com enormes potencialidades, que possibilitará dinamizar tudo o que pudermos imaginar na área da cultura». Pedro Mendonça frisou ainda que é «uma obra com uma presença urbana muito forte» e por isso, o Município incumbiu a empresa a que está ligado de «desenvolver um estudo urbanístico para toda a área da Várzea, com novos acessos ao centro urbano de Porto de Mós, eventual melhoramento do espaço das tasquinhas para as Festas de São Pedro, continuação do parque verde já existente», explica. E quando será para avançar? «Nós estamos a viver tempos diferentes e só podemos ambicionar fazer coisas se tivermos projetos, o projeto é muito amplo, queremos estudar toda a zona e provavelmente vai ser feito por fases, priorizando aquilo que entendemos que deve ser priorizado como o parque verde, para que a entrada de Porto de Mós passe a ter outra dignidade», responde Jorge Vala. O avanço deste plano urbanístico está também dependente dos «fundos comunitários» que possam chegar: «Se conseguirmos ter fundos para fazer as fases todas ao mesmo tempo, será uma maravilha».

A obra da Central Termoelétrica foi começada no mandato anterior, por um Executivo liderado pelo PS e o atual presidente da Câmara admitiu ainda na altura em que era candidato autárquico que esta não seria a sua prioridade. A meses de estar concluída, Jorge Vala foi questionado pelos jornalistas que acompanhavam a visita às obras se continua a acreditar que esta é «uma opção menos acertada». «Nunca acho que este tipo de reabilitação seja uma opção errada, até porque tinha financiamento. Tenho muito respeito pelos dinheiros públicos e já havia investimento feito. Porto de Mós tem memória e tem edifícios que são um fator de identidade muito forte, e não tenho dúvidas que a Central é um deles, mas nós temos edifícios que precisam de ser reabilitados com urgência e que têm uma utilização e um serviço público diferente deste como o Mercado Municipal e o Cineteatro», esclareceu o autarca. Jorge Vala admitiu que para si estes dois espaços teriam sido, provavelmente «prioritários», no entanto, frisou, «nunca foi ideia deste executivo não recuperar a Central, que é um edifício com uma memória e uma ligação industrial ao concelho».

A requalificação vai custar mais de três milhões de euros, com comparticipação de fundos comunitários. A responsável pela obra é a empresa António Saraiva & Filhos e o projeto de arquitetura é da autoria do arquiteto Pedro Mendonça, da Implenitus.

“Obra demorou muito tempo”

Entre o grupo convidado a visitar as obras da Central esteve o vereador do PS, Rui Marto, que na altura do lançamento do primeiro concurso e início dos trabalhos era vereador das Áreas de Obras Públicas. Em declarações ao nosso jornal Rui Marto considerou que a obra «está atrasada, mas ainda tem condições para ser concluída no prazo que está definido, até 31 de setembro». O vereador lamentou, no entanto, que «tenha demorado tanto tempo a andar» e apesar de reconhecer que fica «satisfeito por ter avançado e por estar quase na fase de conclusão», referiu que já «deveria estar pronta há mais tempo».

Questionado se o que viu no terreno vai ao encontro daquilo que eram as suas expectativas face ao que tinha ajudado a aprovar “no papel”, o autarca disse que «em termos de espaços claramente tem o potencial que na altura se estava à espera. Embora na apresentação não se tenha referido uma série de situações, quem tem algum conhecimento do projeto vê que há ali potencial para ter depósito de alguns elementos e para fazer o seu estudo. Tem potencial para exposições temporárias e permanentes, tem um anfiteatro… As valências que eu tinha interiorizado no projeto estão lá todas», afirmou.

Quanto ao espaço que no anterior mandato tinha sido anunciado para acolher o museu municipal, Rui Marto, diz que não se apercebeu que algo tivesse sido dito na visita sobre isso, pelo que, no seu entender, «ou morreu ou levou uma reformulação muito grande» em relação à ideia inicial. «Não sei que tipo de museu é que se está a pensar, porque nunca foi apresentado ou discutido em Reunião de Câmara, mas parece-me que três carros naquele espaço, apesar de ser grande é exagerado ou então vamos repetir o museu que já temos hoje, com todo o respeito por quem o fez», sublinhou.

Quanto ao aspeto exterior, o vereador nada tem a apontar. «Houve o cuidado de manter os traços originais, à exceção da parte “nova” em que claramente parece ter havido a intenção de fazer a diferenciação do que é novo e do que é velho (algo, aliás, agora muito comum na arquitetura) e aproveitaram para fazer a valorização do nosso produto local, a telha», destacou.

Com Isidro Bento

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