As portas do Dolinas Climbing Hotel, a mais recente unidade hoteleira da vila e do concelho de Porto de Mós, abriram oficialmente no passado dia 1 de outubro, data que marca o cumprir de uma empreitada que se previa ter ficado finalizada há precisamente 20 anos e que durante esse mesmo período passou por vários reveses, entre atrasos, mudanças de “mãos”, uma demolição e uma reconstrução total.
Depois de um período de 15 dias em soft opening, uma pré-abertura com cerca de meia centena de convidados que serviu para colocar à prova a operacionalidade deste quatro estrelas, o Dolinas foi inaugurado e começou a receber os seus primeiros clientes. Precisamente uma semana depois do dia da abertura, O Portomosense regressou às instalações entretanto estreadas para perceber o primeiro impacto junto da equipa.
Basta entrar uma vez no Dolinas para entender rapidamente o seu conceito. A parede de escalada de 30 metros, que se observa desde o lobby, denuncia o seu nome do meio (“Climbing”), a sua decoração, em tons claros e marmoreados, e os seus acabamentos em pedra e madeira fazem o resto, não estivéssemos nós a falar de uma estrutura que combina, arquitetonicamente, a sofisticação de um hotel com esta classificação com o meio em que se inspira: o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros.
Na ótica da diretora de Marketing e Vendas do alojamento, Cátia Campos, que nos recebeu dois dias antes do fecho da presente edição, os comentários dos primeiros clientes têm sido «muito animadores», destacando enquanto mais-valias «o conforto que sentem nos quartos, a qualidade do restaurante (que abriu dia 3)» e principalmente «o facto de serem clientes que, até agora, não vinham a Porto de Mós por não terem [muitas opções para ficar] dentro da vila».
A primeira semana ficou marcada por uma ocupação média «de 50 a 60%», números que acredita que revelam «consistência» e um padrão que já se verifica até ao final do mês. «Em novembro temos também reservas, o mesmo em dezembro… Sente-se que há, ao mesmo tempo, curiosidade. Alguns dos hóspedes são praticantes de escalada, outros turistas de experiência que vêm usufruir da serra», completa.
Mas o objetivo é aumentar esta estatística. Para tal, garante estar a ser colocado em marcha um plano de divulgação que será iniciado «quando todos os pormenores forem tratados [para que] os clientes sintam que a experiência está a ser a 100%, sem qualquer tipo de falha».
Um hotel aberto à comunidade
Cientes de que os portomosenses «durante anos e anos não tiveram acesso àquele que poderia ser o primeiro hotel dentro da vila», querem os responsáveis do Dolinas recuperar o tempo perdido, abrindo vários dos seus serviços a quem por lá passa, mesmo sem pernoitar. É possível, portanto, usufruir dos serviços do bar e restaurante Solo 2480 (conceito que a seguir destacamos), esplanada, piscina, ginásio, centro de cuidados e bem-estar, três salas de reuniões com lotação total de 300 pessoas, e, claro, o ex libris do hotel, o seu centro de escalada. Neste, encontramos a tal parede de 30 metros mas também percursos para todas as idades e níveis físicos, além de uma zona de treino específico, com uma parede de inclinação variável e interativa que pode ser controlada com o smartphone dos seus utilizadores. Sempre que o espaço está aberto, os clientes são acompanhados por técnicos certificados, adiciona Cátia Campos.
O conceito…
O primeiro projeto previa receber os seus primeiros hóspedes durante o Euro2004, que se disputou em Portugal, mas com a mudança de mãos também o conceito se alterou. «Quando adquiriu a ruína, o investidor pensou noutros tipos de negócios. Foi pensada uma clínica de estética», disse a responsável, a título de exemplo. Mas aquando da demolição, e posterior reedificação, manteve-se a ideia de um hotel, dadas as características do local. O conceito de escalada surgiu então «por afinidade do investidor [José Neves Cardoso, português radicado no Luxemburgo], com algumas pessoas que praticam bouldering (escalada) e por esta se ter tornado numa modalidade olímpica. Como há cada vez mais praticantes, pensou-se em arriscar e estando numa zona de serra, existe escalada. Foi uma boa aposta», considera.
Restaurante com marca própria
Aberto a hóspedes e público em geral, o restaurante Solo 2480 procura agora cimentar-se, e Cátia Campos explica porquê: «É importante perceber que existiam lacunas em termos de oferta gastronómica, e o conceito do restaurante nasce entre uma vertente tradicional e uma interpretação mais moderna desses mesmos elementos tradicionais». Na carta pode encontrar-se, por exemplo, cabrito assado no forno ou bacalhau com broa e batata a murro, mas também pratos como barriga de leitão assada e tábuas de novilha d’Aire. «Há aqui uma mistura clara de serra, tradição, originalidade e reinterpretação», finaliza.
O Dolinas tem 93 quartos (com tipologias duplo, twin, suite júnior e suite mezanino), perto de 700 metros quadrados e representa um investimento que permitiu a criação de 35 postos de trabalho. Em breve, terá também disponível uma oferta de serviços ao ar livre, através de parcerias com empresas locais.
Fotos | Luís Vieira Cruz