Furtos em Mira de Aire: a saga continua e a população revolta-se

2 Março 2024

Bruno Fidalgo Sousa

Foi no dia 15 de fevereiro que O Portomosense deu conta da detenção de um suspeito de múltiplos furtos nos estabelecimentos comerciais da vila de Mira de Aire, fora de flagrante delito, três dias antes do comunicado das autoridades chegar às redações – a detenção ocorreu no dia 12 de fevereiro. Quer o Comando Territorial de Leiria (CTL), quer o posto local da Guarda Nacional Republicana (GNR) confirmaram ao nosso jornal a veracidade dos factos e ainda que o detido, de 50 anos, foi presente ao Tribunal Judicial de Leiria e aguarda, segundo informações recolhidas a dia 20, em prisão preventiva no Hospital-Prisão de Caxias, pela data do julgamento. Ainda assim, novos acontecimentos parecem contrariar a opinião do Capitão Daniel Matos, do CTL – «O ponto de situação é que está resolvido», acredita o graduado, já que, «se foi ele [o detido] o verdadeiro autor dos furtos todos, e há fortes indícios que seja, vão acabar ou pelo menos reduzir substancialmente».

Daniel Matos considera, portanto, que o último dos furtos registados, no passado dia 14 de fevereiro, em plena luz do dia, na Farmácia Central da vila, «não tem nada a ver, são situações diferentes». Atentemos no caso: já é a segunda vez que o estabelecimento é assaltado. Da primeira, «foi durante a noite, eram três e meia da manhã, [o suspeito] tirou o canhão da fechadura e levou a registadora», conta-nos Fátima Alves, responsável pela farmácia. Já nesta mais recente ocasião, confirmando um modus operandi bem diferente do que até agora havia sucedido, Fátima Alves explica que entraram no estabelecimento «quatro adultos e três crianças» que «levaram 10 frascos de perfume, pelo menos». As imagens das câmaras de vigilância foram entregues às autoridades, garante, e foi levantado auto de notícia, pelo que agora, como diz também o presidente da junta local, Alcides Oliveira, está tudo nas mãos da GNR e da Polícia Judiciária.

Furtos sistemáticos preocupam comércio e moradores

Em janeiro, quando interpelado pelo nosso jornal sobre o caso, Alcides Oliveira acreditava que este aumento de criminalidade podia estar relacionado «com as dificuldades que as pessoas atravessam», num contexto de crise económica. «Na altura, o motivo era de facto a carência económica e o consumo de estupefacientes que a pessoa em causa fazia. Agora, com esta última ação, não me parece, é mesmo sitemático», acredita. E, questionado sobre se acredita que a onda de criminalidade vai continuar, diz que é possível «devido às pessoas que temos aqui». A respeito, o autarca menciona ainda ajuntamentos que causam barulho excessivo e liga os mesmos a um registo de intranquilidade na vila.

Esta onda de furtos já levou também a algum mediatismo (com peças na televisão nacional a reportar o caso) e a alguma movimentação popular: quase 400 membros em apenas 20 dias, desde 8 de fevereiro, data da criação, o grupo de Facebook Juntos por Mira de Aire ! Contra os roubos !! parece estar a unir os mirenses numa causa comum, sendo que também era esse o intuito, conforme nos diz um dos administradores, que prefere não ser identificado, com medo de represálias: «O objetivo é a união dos habitantes de Mira de Aire. Tentarmos juntos voltar a viver em segurança. Todos, numa só voz, batalhar contra as injustiças em que estamos a viver. Para podermos todos juntos achar soluções».

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