Governo crê no sucesso do intra-rail ANDA numa terra onde não andam comboios

26 Fevereiro 2024

Bruno Fidalgo Sousa

Artigo disponível na edição em papel d’O Portomosense e para assinantes digitais.

À boleia de um programa que quer dar a conhecer aos jovens que concluam o 12.º ano os vários recantos do seu país, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, andou também ele a percorrer as 43 Pousadas da Juventude onde estes jovens vão poder ficar sem qualquer custo. Uma das últimas foi mesmo a Pousada de Alvados, onde João Paulo Correia esteve na manhã de dia 5.

A recebê-lo esteve o vice-presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Eduardo Amaral, e a visita que se seguiu foi célere, mas bastante para que o governante anunciasse ao nosso jornal que, do que conheceu, «é uma das melhores, em termos de condições e de instalações».

Além disso, João Paulo Correia diz que «o ano de 2023 foi dos melhores anos de sempre da Pousada» (os números podem enganar, já que, como recorda a gestora Helena Pires, a infraestrutura esteve meio ano lotada com um grupo de timorenses que chegaram ao abrigo de um acordo com o Alto Comissariado para as Migrações e a Movijovem, entidade que gere as Pousadas da Juventude; ainda assim, garante «muita ocupação até novembro, e em dezembro até foi bastante simpática»).

Mas, mesmo com um bom 2023, João Paulo Correia acredita «que o ano de 2024 será ainda melhor, porque tem o programa ANDA – Conhecer Portugal, que trará jovens de outras paragens ao país, que ficarão clientes não só de Alvados, mas da região, e isso provocará um efeito de contágio e todos os anos um conjunto de jovens que acaba o 12.º acaba por vir pela primeira vez a Alvados».

O conceito é simples: a CP – Comboios de Portugal oferece viagens ilimitadas durante sete dias e também seis noites na rede de Pousadas da Juventude, cortesia da Movijovem. Tudo de forma gratuita. Com um orçamento de quatro milhões de euros inscritos no Orçamento do Estado para 2024, a ideia é que o ANDA abranja os alunos que terminam o ensino secundário nos anos letivos desde 2022/2023 a 2024/2025.

Portanto, resta a pergunta óbvia a colocar: vai uma terra onde não passa comboio receber jovens? «Certamente ultrapassarão com transporte próprio ou outro tipo de transporte coletivo. Está a colocar uma questão que até agora não foi colocada, as viagens gratuitas na rede CP são mais um atrativo, não é um entrave, porque hoje a alternativa à CP faz-se em muitas localidades com transporte coletivo e certamente que muitos quererão ir de transporte próprio para esta pousada e para outras», respondeu-nos o secretário de Estado.

Apesar do calendário governamental apontar 8 de janeiro como data prevista para que os finalistas de 2023 iniciassem o programa, ainda não se avançou efetivamente. Helena Pires acredita que pode ser surpreendida – já há duas pré-reservas –, mas confessa crer «que vai afetar bastante. «Não tendo comboio é complicado» e «os que acabam o 12.º, muitos deles não têm carro», disse ainda. Inês Drummond, diretora da Movijovem, avança ainda outra alternativa: o Cartão Jovem, agora gratuito até aos 30 anos e que «permite descontos também na área dos autocarros».

Mas, como explicou Helena Pires, «a nível de transportes públicos, ao fim de semana não há nada, não temos autocarro e os táxis são a preços proibitivo. Não há Uber, não há essa facilidade».

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