Passaram cerca de 175 mil pessoas pelas Grutas de Mira de Aire este ano. Em termos homólogos, é um acréscimo que ronda os 17%, já que em 2022 contaram com 145 mil visitantes, mas o destaque vai mesmo para o número recorde: «Para termos um ano igual temos de recuar até 1992. Porque daí para a frente foram sempre menos de 180 mil visitantes, e este ano vai ser o melhor ano deste século e vai ser um dos melhores anos da última década do século passado», explica ao nosso jornal o presidente do Conselho de Administração das Grutas de Mire de Aire, Carlos Alberto Jorge, que faz um balanço positivo e que augura um ano igualmente favorável em 2024 – quando se celebram 50 anos desde que a estrutura foi aberta ao pública, a 14 de agosto de 1974. Os números estarão ainda longe do recorde absoluto (310 mil visitantes no ano de 1975), mas a administração daquele conjunto de galerias subterrâneas promete «novas valências, novos produtos», e é esse fator diferencial que motiva uma adesão cada vez maior. «Começámos a chegar a público mais interessado em natureza, o facto de irmos com frequência aos congressos de turismo a Espanha deu uma projeção muito grande às Grutas [o que pode explicar o facto de quase 55% dos visitantes em época baixa serem estrangeiros], saímos aqui do nosso nicho e alargámos e fomos, tanto que há publicações mundiais onde saem as Grutas de Mira de Aire em conjunto com diversas outras», diz-nos Carlos Alberto, deixando ainda no ar um facto que o deixa devidamente orgulhoso: «Ao longo destes 50 anos já tivemos 8 milhões de visitantes».
2024 para celebrar e para inovar
A O Portomosense, Carlos Alberto Jorge enumera «novos produtos que já irão entrar em vigor no próximo ano». A concretização da Casa do Conhecimento alia-se às já anunciadas visitas virtuais à gruta como grandes bandeiras do futuro: «É uma das coisas que nos preocupa, aquelas pessoas que chegam aqui e têm mobilidade reduzida, [poderem] ver a gruta através de realidade virtual. Isto será implementado não tão depressa quanto nós queríamos, porque as empresas que nos estão a acompanhar no desenvolvimento desses projetos estão a trabalhar para uma panóplia muito grande de grutas no mundo e nós temos de estar na lista de espera, portanto, a recolha de imagens para poder visitar a gruta virtualmente só vai acontecer no princípio de abril». Além disso, e segundo Carlos Alberto, planeia-se «fazer visitas mais radicais, a zonas da gruta que não estão abertas ao público», algo que lhe tem sido sucessivamente sugerido pelos visitantes.
A lista de novidades inclui ainda «uma exposição só com luz ultravioleta para ver os cristais que existem nos minerais; um painel [mural] com cerca de 30 metros de comprimento», com assinatura de Basílio; uma exposição interativa intitulada 5 sentidos, em que as pessoas são convidadas a tocar numa estalagmite ou estalactite, pedindo-lhe para não tocarem nas que estão dentro da gruta; e a vontade de ter, «a partir de janeiro» e «todos os meses, um evento cultural no interior da gruta», com «prata da casa», da poesia, ao teatro.