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Há prazo de validade para o amor? Adérito e Hermínia mostram que não

15 Outubro 2020
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

15 Out, 2020

É paixão no início, que se torna amor, assim dizem os escritores e poetas das histórias de amor. No casamento «nem tudo é bom», mas se «houver amor», ele resiste a tudo, mesmo ao passar dos anos e aos momentos maus. Quem acredita nisso mesmo é Adérito Martins, de 69 anos e Hermínia Martins de 78, casados há 41 anos e que ainda hoje mantêm uma cumplicidade que é visível ao primeiro impacto. Receberam-nos na sua casa, carregada de memórias daquilo que construiram juntos, do casamento, aos filhos e aos netos, as paredes enchem-se de memórias em fotografias.

Mas vamos ao início: «Eu era emigrante em França, vim cá de férias trazer os meus paizinhos. Num desses poucos dias em que cá estive, fui ao Café Milá com umas amigas e acabei por me juntar com o meu [agora] marido na mesa. Eu estava numa ponta e ele noutra, não o conhecia. A minha amiga Almerinda disse-me que lhe devia mandar uns postais ilustrados porque fazia coleção e ele, da outra ponta, disse-me para mandar para ele também», conta Hermínia, que não se fez rogada e que lhe pediu logo a morada. Foi assim que o namoro começou, quando Hermínia voltou para França começou a trocar cartas com o seu Adérito.

Admitem terem gostado logo muito um do outro. «A espontaneidade dela, a maneira de falar, a franqueza» são alguns dos atributos que Adérito atribui à sua amada. O facto de ser uma mulher mais velha também o cativou: «Até ali eu só tinha namorado raparigas novas e a minha mãe dizia-me que eu era um estarola e que tinha que casar com uma rapariga mais velha, porque ela é que me ia educar», brinca. Hermínia voltou para França e a partir desse momento, as noites de Adérito deixaram de ser tão tranquilas. «Ela foi para França e eu dava por mim na cama a lembrar-me dela e comovia-me», recorda.

O amor falou mais alto e em poucos meses, a portomosense de gema voltou à terra para vir ter com Adérito. Depois de um ano de namoro casaram e não tardaram a ter filhos, até porque Hermínia já tinha 35 anos quando casou. O casal tem dois filhos com 20 meses de diferença, um dos motivos de união. «Os filhos uniram-nos, até para os conseguir pôr a estudar», frisam Adérito e Hermínia Martins que acrescentam que o facto dos filhos terem sido sempre «exemplares» também ajudou. Os herdeiros já lhes “deram” netos, quatro no total: «Uma alegria muito grande, nem há palavras», exprime a avó.

Há segredo para manter uma relação?

«O amor um ao outro é o principal e o respeito também ajuda muito. Temos que nos desculpar porque todos erram, nem eu faço sempre bem, nem ele faz sempre bem», afirma Hermínia Martins. Adérito também partilha a mesma opinião e diz que às vezes é «preciso fazermos-nos de surdos, não ouvir umas coisas», para evitar discussões desnecessárias: «Se calhar para os casais mais novos é mais difícil de distinguir isso e quando se distingue já foi tarde, já se disse o que não se devia ter dito». Mas isto não quer dizer que o casal não se zangue de vez em quando, até porque «casa que não é ralhada, não é governada». «Às vezes até convém uma zanga», diz entre risos, Adérito, porque a reconciliação também é um bom momento. Hermínia foi também sempre muito romântica, «era danada para lhe estar sempre aos beijos» e Adérito «gostava muito» deste seu lado.

«O casamento, o nascimento dos filhos, a formatura deles e a vinda dos netos» são os momentos que destacam como os mais felizes nestas mais de quatro décadas de união. Há também uma viagem que não esquecem: «Os nossos filhos andavam a trabalhar para nos compensar e pagaram-nos uma viagem à Madeira, a mim, ao meu marido e à minha irmã que também os ajudou muito. Fomos os cinco à Madeira, nunca mais esquecemos. Ficou no coração», conta emocionada Hermínia Martins. No coração fica também esta história de amor, que começou numa mesa de um café e que foi relembrada à mesa do lar que construiram juntos.

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