Há pouco mais de um mês, o Município de Porto de Mós prestou homenagem a quem, ao longo do ano letivo e época desportiva 2023/2024, se destacou nas áreas da Educação e do Desporto. Na sua larga maioria, os distinguidos nesta iniciativa de público tributo e reconhecimento, foram alunos das escolas do concelho que se evidenciaram por resultados escolares de excelência e atletas que, quase sempre, a partir de equipas locais ou a título individual, brilharam em competições a nível nacional e, em vários casos, internacional.
Olhando para as dezenas de crianças e jovens que passaram pelo palco instalado no Ecoparque Verde da Calvaria de Cima, nesta Gala da Educação e do Desporto, deu vontade de perguntar: Afinal, qual é a receita para o sucesso? Como é que Porto de Mós, um concelho de média dimensão, tem tantos e tão grandes valores? O que faz correr toda esta gente e, acima de tudo, como é que conseguem atingir estes resultados?
As perguntas ficam no nosso íntimo mas a querer saltar cá para fora, até porque desta vez foi a Gala realizada na Calvaria, mas antes destaa já houve várias em tudo idênticas e em qualquer uma delas a interrogação foi a mesma.
Como guardar perguntas contraria a essência do jornalismo, decidimos mesmo fazê-las e começámos por questionar dois dos alunos que mais se evidenciaram no ensino secundário no ano letivo de 2023/2024: Sónia Paulo, 19 anos, natural da Mendiga, à altura, aluna da Escola Secundária de Porto de Mós, e aquela que obteve a melhor média do 12.º ano no ensino secundário regular, e Tiago Tomaz, das Pedreiras, 17 anos, aluno do Instituto Educativo do Juncal, com a melhor média do 12.º ano no ensino secundário profissional.
Por economia de espaço (exercício a que somos obrigados em cada edição), mas também para ser um testemunho o mais genuíno possível convidámos a Sónia Paulo e o Tiago Tomaz a, em escassos mil caracteres, dizerem-nos, afinal, como é que se conseguem resultados de excelência na escola e, eventualmente, a partilharem algumas “dicas” com os nossos jovens leitores.
Proximamente, iremos também lançar idêntico desafio a alguns portomosenses que se destacam no desporto e se neste caso a “seleção” dos convidados foi mais ou menos óbvia, quando chegarmos aos desportistas a complexidade será outra, mas o jornalismo é feito de escolhas e essa é uma realidade com a qual O Portomosense convive com toda a naturalidade.
Bem, um desafio de cada vez. Para já, aqui ficam os testemunhos da Sónia e do Tiago, a quem aproveitamos para agradecer a disponibilidade e o pronto “sim” e auguramos os maiores êxitos académicos e profissionais.
Sónia Paulo (aluna do 1.º ano de Direito na NOVA School of Law)
Ser bom aluno ou não ser? Um dilema cuja resposta não é fácil de descobrir.
Mas, tal como tudo aquilo que é trabalhoso e complicado na vida, o bom desempenho não se resume a uma opção, nem mesmo a uma capacidade inata. O elixir mágico do sucesso vai muito para além do trabalho, esforço e dedicação que as normas pedagógicas e os conselhos maternais apologizam. Não é por acaso que até o mais brilhante aluno possa quebrar ou tirar uma pior nota. Na minha ótica, a vida escolar não deve ser ligada, necessariamente, à busca de ser o melhor. Para mim, a noção de equilíbrio desempenha um papel central. Isto é, ter bastante assente que existem momentos nos quais temos de estar totalmente concentrados, e, na mesma medida, alturas em que é imperativo desligar de tudo. Também, contrariamente ao que o sensocomum possa apontar, não há dúvidas estúpidas, pois entender o básico é primórdiopara alcançar o complexo. É importante, ainda, que um número nada acresce ao nosso valor pessoal, nem nos deve definir.
Tiago Tomaz (aluno do 1.º ano de Engenharia Informática do IPL)
Os bons resultados que obtive no ensino secundário deveram-se a várias estratégias que adotei ao longo do percurso. Antes de cada teste, dedicava tempo a rever a matéria, garantindo que compreendia todos os conceitos e, sempre que surgiam dúvidas, focava-me em resolvê-las através de exercícios práticos. Esse método ajudou-me a consolidar o conhecimento nas áreas mais desafiantes. Além disso, dei especial atenção aos trabalhos e projetos de grupo, sabendo que a colaboração e a troca de ideias com os colegas eram fundamentais para alcançar um bom desempenho.
A Prova de Aptidão Profissional (PAP) foi outro motivo que influenciou uma grande parte da minha média final. Para isso, esforcei-me ao máximo, dedicando-me tanto à parte teóricacomo prática, com o objetivo de apresentar um projeto final que refletisse todo o meu empenho e as competências adquiridas ao longo dos anos.
Este conjunto de atitudes permitiu-me enfrentar os desafios com confiança e alcançar os resultados que ambicionava.
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