A meta inicial era junho de 2023 mas já não vai ser cumprida. O Dolinas Hotel, que a maioria dos portomosenses conhecem como “o hotel de Porto de Mós”, sofreu um novo atraso e não ficará pronto até ao final do mês como estava previsto. A confirmação foi dada ao nosso jornal por fonte do grupo promotor. «Infelizmente não vamos conseguir cumprir a data inicialmente prevista. A intenção agora será acabar quanto mais cedo melhor» disse, escusando-se, contudo, a avançar com um novo prazo.
O Dolinas Hotel, uma unidade hoteleira de quatro estrelas, com 85 quartos de várias tipologias, representa um investimento superior a 10 milhões de euros, contando com um apoio comunitário de três milhões de euros, apoio esse que agora poderá estar em risco. Questionada, a nossa fonte assegurou que o assunto está a ser alvo de análise, não havendo, por isso, uma resposta que possa avançar.
As razões para o atraso registado são várias, sendo que a principal «tem a ver com a conjuntura» tanto internacional como nacional, nomeadamente «a guerra na Ucrânia e todo o impacto que tem tido na economia internacional, o aumento dos preços, a falta de mão de obra e a escassez de materiais», explicou-nos.
«Neste momento, estão a ser colocadas caxilharias a partir do exterior do edifício. No interior, já foi concluída a colocação de pladur e as placas de gesso na parede. Estamos a fazer betonilhas nos quartos e a começar com os cerâmicos nas casas de banho. Estamos com muita frente de trabalho. Claro que em termos de prazos queríamos estar mais adiantados, mas a obra está a andar» afirmou.
«Se ainda havia dúvidas sobre se o hotel seria para acabar, penso que, ao ver o que está feito, essas dúvidas já não podem existir. Sei que já anda prometido há tantos anos, mas desta vez vai mesmo haver hotel, a não ser que surja alguma coisa perfeitamente excecional» garantiu.
Respondendo a uma pergunta com a qual O Portomosense também tem sido muitas vezes confrontado por parte de alguns leitores, «o recrutamento ainda não começou oficialmente», apesar da empresa «ter guardado o contacto de algumas das pessoas» que a procuraram no sentido de manifestar a sua disponibilidade para concorrer aos lugares que vierem a ser criados. O processo deverá, entretanto, arrancar, mas também aqui não são avançadas datas concretas.
Outra dúvida muito comum é sobre quem vai explorar o hotel: «Estamos a trabalhar nessa questão. Em princípio a exploração deverá passar por nós mas estamos a ver se será direta ou indiretamente», referiu.
De acordo com o que foi tornado público, o hotel estende-se por dois edifícios, aquele que durante muitos anos esteve reservado para habitação e outro que desde sempre foi pensado para hotel. Conta com piscina no piso superior do edifício mais baixo, um espaço multiusos com capacidade para 200 pessoas, além de outras salas mais pequenas. A parede de escalada, que irá ocupar parte significativa de uma das paredes exteriores, não deixa margem para dúvidas quanto ao segmento temático desta unidade: o desporto de natureza.
O hotel começou a ser construído há mais de 20 anos para entrar em funcionamento a tempo do Euro 2004 de futebol. Pelo meio, mudou de mãos várias vezes e no ano passado o edifício que estava inacabado foi demolido, depois da empresa ter concluído que apresentava problemas estruturais que impediam que ganhasse forma tal como tinha sido idealizado pelo seu promotor.
Isidro Bento | texto
Luís Vieira Cruz | foto