Há mais de duas décadas que o hotel agora edificado junto ao Parque Verde da vila de Porto de Mós é tema neste jornal, mas nem sempre pelas melhores razões. O entusiasmo com a notícia de que uma nova unidade hoteleira seria construída para dar resposta à premente falta de alojamento turístico no concelho deu lugar a um quase irreversível pessimismo por todos os capítulos que se viriam a seguir. Desde então, aquelas paredes já foram erguidas, deitadas abaixo e construídas de novo, e é caso para dizer que nem à terceira foi de vez. A abertura do Dolinas Climbing Hotel tardou, tardou e voltou a tardar, sendo os prazos estipulados sucessivamente alargados, para desespero dos envolvidos, mas também da comunidade local.
Mas esta segunda-feira fez-se, podemos dizer, história. Depois de uma soft opening durante a última quinzena de setembro, as portas deste quatro estrelas abriram a todos, e em boa hora o fizeram. O investimento na casa das dezenas de milhões de euros serve um propósito, o de ajudar a virar a página do setor turístico num concelho que está há demasiados anos a ver visitantes fugirem para camas vizinhas por manifesta escassez de oferta.
O Dolinas traz-nos novidade, o seu ADN tem “um quê” de arrojado e isso também por aqui faz falta. A ideia de fazer aterrar um hotel com uma parede de escalada de 30 metros, homologada e preparada para receber desde o atleta olímpico ao mero curioso, parece-me, ao contrário do que muitos vaticinam, genial. Acredito que não estamos aqui a falar de um elefante branco, mas sim de um bastião de progresso nesta geografia que bem merece. No papel, a ideia de aglomerar lazer, trabalho, desporto, gastronomia, bem-estar, história local e sofisticação, tudo num só local, fará bem a Porto de Mós.
O futuro é, à partida, risonho, mas aguardemos pelos próximos capítulos.