A intervenção há muito reclamada pela comunidade, aconteceu finalmente. A Igreja de São João, em Porto de Mós, local de culto religioso mas também um dos mais antigos e importantes monumentos da sede de concelho foi alvo de uma intervenção a nível exterior. Depois de vários anos a ostentar um aspeto degradado pouco compatível com o seu passado de três séculos e com o espaço que ocupa em pleno centro histórico da vila, mostra-se hoje de “cara lavada”.
De facto, para quem passa, o que mais se destaca é a nova pintura, realçada por uma também nova iluminação que, é opinião generalizada, em muito veio sublinhar a beleza do velho templo. No entanto, e para que aquilo que hoje mais se aprecia possa permanecer assim durante anos houve todo um trabalho prévio que passou, entre outros, pela resolução de infiltrações e uma intervenção de fundo ao nível do telhado.
Sem meios financeiros para se lançar sozinho neste empreendimento, o Conselho Económico da Paróquia de Porto de Mós lançou o apelo ao anterior executivo camarário e este mostrou-se sensível concedendo o apoio que faltava para que a almejada obra passasse de sonho a realidade. Futuramente, é ambição do Conselho Económico intervir no espaço interior, também ele necessitado de obras. Durante os três meses em que decorreram as obras, todas as cerimónias religiosas tiveram lugar na Igreja de São Pedro.
Concluída a intervenção, a reabertura do espaço ao culto [e também a quem o queira visitar] aconteceu no dia 7 de novembro. O programa festivo começou com missa de ação de Graças presidida pelo pároco local, Pe. José Alves. Seguiu-se a bênção do edifício, e os discursos “da praxe”. Completa a componente religiosa e institucional realizou-se no Salão Paroquial de São João, uma tarde de convívio com venda de ofertas, filhós, café d´avó e bolos de ferradura, que juntou dezenas de pessoas até quase à noite.
“Requalificou-se um local de culto mas também um monumento importante”
Em dia de festa as primeiras palavras do vice-presidente do Conselho Económico da Paróquia de Porto de Mós, Júlio Vieira (que falava em representação do presidente, padre José Alves, e dos restantes elementos do Conselho) foram de agradecimento. Convicto de que nada se consegue sozinho, o responsável agradeceu a todos os que colaboraram nas obras de requalificação da Igreja, àqueles que no dia inaugural asseguraram as várias tarefas para que o momento tivesse tanto de solene como de festivo, sem esquecer, ainda, as pessoas que garantem o funcionamento regular da igreja durante todo o ano. Houve, ainda, uma menção especial para o empreiteiro responsável pela obra e para a Câmara.
«O Luís Beato em conjunto com o seu primo Fernando dos Santos e outras pessoas que aqui andaram foram além de uma mera requalificação. O que fizeram, foi feito com carinho, dedicação, esforço e com todo o cuidado para que o resultado final fosse o melhor possível. Houve muita coisa que não estava identificada no orçamento mas que foi aparecendo e que o Luís se prontificou a resolver e hoje temos aqui um trabalho muito bom», disse Júlio Vieira.
«Agradeço também a sensibilidade que a Câmara teve para a necessidade urgente de intervenção nesta igreja e neste monumento. Sem a sua ajuda não teria sido possível e, por isso, agradecemos o esforço que foi feito, a sensibilidade que tiveram e a ajuda que nos deram», disse.
Júlio Vieira, falando em nome dos oito elementos do Conselho Económico, afirmou ser para todos «um momento de grande satisfação e alegria porque uma das primeiras responsabilidades deste órgão é cuidar do património da Igreja» e tendo entrado em funções há meia dúzia de meses teve «a sorte de apanhar o embalo da requalificação do Morro de Santo António» para poder com a Câmara «reparar o interior da Capela de Santo António que bem precisava». E logo de seguida conseguiu, «em conjunto com o executivo, requalificar esta igreja tendo o Município suportado parte substancial dos custos», frisou. O responsável recordou que «esta igreja que não é só uma igreja mas também um monumento» que estava «num estado absolutamente degradado, com problemas estruturais graves, água a entrar por todo o lado e fendas nas paredes onde cabia uma mão» e por isso era urgente conservá-lo e requalificá-lo.
Inspirando-se na homilia proferida minutos antes, disse que «as igrejas e os monumentos são importantes mas mais importante que isso é a comunidade que lhes dá sentido, alma e vida», e nessa medida apelou a que todos estejam unidos em torno da defesa de um património que é comum a crentes e não crentes.
Interveio a seguir, o presidente da Junta de Freguesia de Porto de Mós, Manuel Barroso, que manifestou a sua alegria e satisfação por ver «como ficou bonita a Igreja de São João». Dirigindo-se ao presidente da Câmara disse ser em exemplos como este «que se vê a importância de preservar o património», manifestando-se disponível para continuar a desenvolver trabalhos em parceria nesta área. Apesar de não ter tido participação direta, a Junta vai também apoiar esta obra, garantiu.
Por sua vez, o presidente da Câmara, Jorge Vala, começou por fazer «um agradecimento muito especial ao padre José Alves, pela importância que dá ao património que são as pessoas mas também ao património construído». De acordo com o autarca, o seu executivo partilha das mesmas preocupações e daí estarem presentes os vereadores com pelouros atribuídos. «Estamos todos pela importância que damos à recuperação desta igreja enquanto templo mas também como elemento do nosso património e é por ser o nosso património que o Estado, que tem de ser laico, abraça estes projetos em função da importância que têm para a memória de todos nós. E foi por isso que desde o primeiro momento estivemos disponíveis para apoiar a execução desta obra que tão necessitada estava».
O autarca agradeceu ao empreiteiro e teve também uma palavra de reconhecimento para com os funcionários do Município que possibilitaram «a iluminação e o arranjo exterior à igreja não incluídos inicialmente na obra».
Jorge Vala disse saber da intenção do Conselho Económico de requalificar o interior da igreja deixando a promessa de que mais uma vez poderá contar com o apoio do Município. Para Jorge Vala, além de proporcionar boas condições aos portomosenses para usufruírem do património, interessa recuperá-lo para atrair visitantes e que estes sintam que os locais valorizam aquilo que herdaram dos seus antepassados e saiam satisfeitos também por isso.