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Inteligência Artificial coloca região na vanguarda da deteção de incêndios

2 Janeiro 2024
Bruno Fidalgo Sousa

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Bruno Fidalgo Sousa

2 Jan, 2024

Houve menos falsos alertas de incêndio em todo o território da Comunidade Intermunicipal de Leiria (CIMRL) no verão de 2022 – e em causa está um sistema «inovador», com recurso à Inteligência Artificial (IA) e que “está ao nível do que melhor se faz pelo mundo fora”, acredita o investigador principal do projeto, Armando Fernandes. ResNetDetect – Deteção Automática Precoce de Incêndios Florestais Utilizando Redes Neuronais de Aprendizagem Residual, é assim que se chama o trabalho iniciado em 2020 pelo INOV INESC e INESC-ID com o objetivo de criar novos algoritmos que permitam aos sistemas de videovigilância distinguir se determinado fenómeno é ou não uma pluma de fumo, e que teve a sua apresentação final na Central das Artes, em Porto de Mós, no passado dia 12 de dezembro.

No verão do ano passado, o ResNetDetect foi adicionado ao CICLOPE, o sistema de videovigilância vigente nos 10 municípios da Comunidade Intermunicipal de Leiria, e «está a dar bons resultados», diz Armando Fernandes, frisando contudo que o objetivo é «zero» falsos alarmes – está atualmente com uma eficiência de 0,4% no que toca aos falsos alarmes e de cerca de 91% na deteção de fumo, com melhoras significativas em relação a 2021.

«Na prática, vão aparecer várias imagens [no sistema] e há uma boa probabilidade de qualquer incêndio ser detetado, mas o ideal é que aquele valor se torne 100%, para que assim que aparece a primeira imagem com uma pluma de fumo identificável», a ação seja a mais célere possível, explica o investigador.

No fundo, o que acontece é que o ResNetDetect é capaz de reconhecer uma pluma de fumo em diferentes quadros, porque o próprio projeto, através de redes neuronais (IA), «gera imagens para a rede aprender» o que é de facto fumo. Através de IA, é também capaz de classificá-las sozinho, e daí soam-se os alarmes no sistema da Região de Leiria, reduzindo o tempo e disponibilidade que os operadores do CICLOPE têm de despender na supervisão do território. O responsável pela Proteção Civil da área da CIMRL, Carlos Guerra, corrobora a posição da academia, considerando o CICLOPE (que integra o ResNetDetect) «a principal ferramenta na gestão dos incêndios rurais nesta comunidade», mas frisando que ainda não se desistiu «da rede humana».

Numa sessão que contou com a presença de alguns líderes municipais, o presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, Jorge Vala, que é também vice-presidente da CIMRL, fez um balanço igualmente positivo e reforçou que «a CIMRL não vai acabar com o projeto agora». «Temos cerca de 90% do território coberta com um sistema automático de deteção de incêndios. A nossa ambição é chegarmos aos 100%», afirmou, falando de uma importância a nível europeu e global.

O ResNetDetect foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (300 mil euros) e com fundos comunitários através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (1 milhão de euros).

Agora há novos investimentos em calha para continuar com o aperfeiçoamento do programa, que, segundo Jorge Vala, «já estão previstos e identificados no próximo quadro comunitário de apoio».

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