A primeira etapa de obras com vista à recuperação da Igreja de São Pedro, localizada bem no centro da vila sede do concelho de Porto de Mós, está finalmente concluída. Foi graças aos esforços redobrados dos sete elementos que compõem o Conselho Económico da Paróquia de Porto de Mós, aos quais ainda se juntaram mais alguns fiéis, que este edifício histórico erigido pelos frades de Santo Agostinho ganhou, literalmente, nova cor.
Tal como diz a O Portomosense o pároco José Alves, «à semelhança da Igreja de São João, onde há tempos se procedeu a algumas obras de conservação, também a [Igreja] de São Pedro já estava a precisar por estar muito deteriorada quer no interior, quer no exterior». Com um sentido de missão e de dever, que defende que deve ser partilhado com «toda a comunidade», por se tratar de «um património da nossa terra», José Alves e o Conselho a que preside decidiram que estava na hora de atuar: «Queremos que esta Igreja fique bem esteticamente, liturgicamente e turisticamente para dar resposta a todas as atividades que nela são feitas. Já o mosteiro do Bom Jesus está uma lástima e é um péssimo bilhete postal de Porto de Mós para quem chega à nossa vila, portanto, ao menos que a Igreja seja cuidada e tratada para ser um bilhete agradável e acolhedor para quem chega à nossa vila e para quem participa nas nossas celebrações», defende.
Ao longo de uma incansável jornada que durou perto de um mês – trabalhos iniciaram nos primeiros dias de novembro e apenas findaram em 27 último -, muitas foram as alterações no seio do edifício: «Começámos no interior, raspando a tinta e reparando rebocos que estavam danificados pela humidade. Também reparámos parte da instalação elétrica, uma instalação em altura e de difícil acesso. Fizemos uma pintura, embora não na totalidade, do interior. Não pintámos o teto, embora tenhamos feito alguns retoques onde era preciso. Limpámos as sancas, uma delas a meia altura e outra junto ao teto que ganham muito pó proveniente da rotunda e do tráfego automóvel que por ali passa, limpámos a pedra onde foi possível, as imagens e os altares laterais, tratámos o pavimento com decapagem da cera antiga, lavagem e colocação de nova cera, tratámos as pedras, fizemos polimento, tratamento dos bancos com a colocação de óleo e borrachas nos pés e tentámos dar, de facto, uma lavagem interior a todo o edifício», enumerou o responsável.
Uma Igreja “harmoniosa”
Quem entra agora na Igreja de São Pedro, vê um edifício «harmonioso, belo e tranquilo», descreve José Alves. A nível de pavimento, «está tudo muito bem cuidado» e na generalidade a Igreja «está [por dentro] recuperada, embora estas sejam apenas as primeiras obras», reforça.
A nível de reações, o padre destaca, de imediato, a inocência e a veracidade associada aos mais pequenos: «As obras e a limpeza terminaram ainda há pouco tempo, pelo que ainda não tivemos muitas reações, mas as crianças da catequese só nos diziam que a Igreja cheirava muito bem. E tivemos uma reação muito positiva das pessoas mais envolvidas e que mais participam na nossa Igreja. É um trabalho que está feito e bem feito e que beneficia toda a gente, cristãos e não só. Há muitos turistas e muita gente que passa por ali e entra. A Igreja está agora digna para todas essas ações litúrgicas e sociais», exclama.
Fachada e torre são a próxima prioridade
O intuito do Conselho Económico é, agora, avançar para a zona exterior, procedendo à limpeza de toda a fachada, da torre e também, tão breve quanto possível – e existindo fundos para tal -, da parte de trás da Igreja. Depois destas empreitadas, José Alves quer ainda resolver «outros problemas», tais como «infiltrações de águas», mas ainda não há data certa para voltar a arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.
Depois de efetuado um pedido de apoio à Junta de Freguesia e à Câmara Municipal de Porto de Mós, o pároco crê que os apoios surjam e, «à medida que o dinheiro nos for chegando, nós vamos fazendo, e prevemos que as obras comecem na primavera para que, no final do verão, tenhamos tudo feito. Mas não podemos dar passos maiores que as nossas pernas. Vamos trabalhando à medida que pudermos…», reitera.
Determinação do Conselho Económico foi a chave
O Conselho Económico da Paróquia de Porto de Mós é composto por sete elementos, e foi sobretudo a partir das mãos e ferramentas deste grupo que a face interior da Igreja de São Pedro foi renovada. Mas embora donos da quota parte do trabalho “braçal” do último mês, houve também quem se quisesse juntar à causa e ajudar à sua maneira. «Nestas obras tivemos o apoio do empreiteiro Luís Rodrigues, do Livramento, e da empresa de limpeza Maria João e Vasco Faria, e todos juntos tivemos que dar diretamente ajuda. Fomos nós que fizemos a maior parte do trabalho para que pudéssemos poupar alguma verba para investir noutras obras, e esta recuperação apenas foi possível por termos pessoas com vontade e capacidade para fazer acontecer e às quais agradeço por se terem associado direta ou indiretamente».
Estas obras, afirma perentoriamente José Alves, «só avançaram porque havia algum dinheiro do fundo de maneio, mas para as próximas obras» a Paróquia necessita de «muita ajuda financeira» para que possa «fazer as devidas reparações no exterior».