Aproximam-se duas datas onde a comida é, habitualmente, “bem regada”. O bacalhau, o leitão, o cabrito e o camarão (e muitas iguarias podíamos acrescentar) bem característicos do Natal e da Passagem de Ano são normalmente acompanhados de um bom vinho (e não só). Esta época coincide também com mais atenção por parte das autoridades policiais na fiscalização das estradas, uma vez que é uma altura de viagens entre norte e sul para os encontros familiares.
Mas “pão e vinho sobre a mesa” não é – sobretudo em Portugal – um apanágio apenas desta altura do ano. O pior é quando o vinho deixa de estar apenas à mesa. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2022 foram detetados 956 condutores com uma taxa de álcool considerada crime (igual ou superior a 1,2g/l) no distrito de Leiria. Isto representou um aumento de 7,4% em relação ao valor médio dos últimos cinco anos.
Face a estes números e também à aproximação, já mencionada, das épocas festivas, O Portomosense lançou a questão aos portomosenses: Já conduziu sob efeito de álcool? Além dos resultados diretos (expostos no gráfico acima), havia ainda a possibilidade de deixar um comentário sobre o assunto. As opiniões, como os vinhos, são para todos os gostos.
“Uma irresponsabilidade”
Mesmo quem admite já ter conduzido com álcool no sangue, concorda: “É uma atitude irresponsável”, mas para quem nunca o fez, a opinião é ainda mais reforçada.
«É uma falta de respeito»; «Falta de responsabilidade. Falta de bom senso. Desrespeito pelo próprio e pelos outros. Inconsequente»; «Quando estamos sob o efeito do álcool pensamos que estamos bem, mas quando já estamos sem o efeito do mesmo, por vezes, colocamos a mão na consciência e pensamos nos perigos que corremos e nas pessoas que colocamos em perigo»; «Acho que é uma falta de consideração e de respeito pela nossa vida e pela vida de outras pessoas»; «Na minha opinião, a condução sobre o efeito de álcool é uma ação muito pouco prudente, tendo em conta que este pode muitas vezes vir a destruir imensas vidas e quando o mesmo não acontece pode vir a afetar bastante o psicológico», estas foram algumas das opiniões dos leitores de O Portomosense.
Sou contra, mas já o fiz…
Apesar de a maioria das pessoas que responderam considerarem incorreto conduzir sob efeito de álcool, muitos foram os que admitiram já tê-lo feito. «Quem bebe já conduziu sob efeito do álcool, uns mais outros menos, mas todos já o fizeram. E quem disser o contrário é mentiroso», pode ler-se num dos comentários.
Há quem sublinhe que sabe «que não o devia ter feito» no passado e que atualmente mudou a sua atitude. «Apesar de o ter feito, é algo que sou totalmente contra. Aquando a minha experiência, senti que estava a colocar em causa a minha segurança e a de outros condutores, mesmo que tenha sido um percurso curto e com pouco trânsito. Sou consciente do erro e espero que não se repita», afirma outro leitor. Outra das pessoas que respondeu diz que «não deve ser cometido o erro de pegar num carro depois de consumir álcool», porém confessa que já o fez, «mas nunca demasiado embriagado».
Quem responde aponta algumas causas para os números elevados
Se nos últimos anos houve um aumento de contraordenações por condução sob efeito de álcool, isso deve-se também «ao aumento da fiscalização», é a opinião deixada numa das respostas à questão de O Portomosense.
Falta Uber» por cá, é outro dos motivos, mais do que uma vez, mencionados. «Não há uma rede de transportes públicos ou alternativas viáveis para as pessoas que queiram beber e não conduzir. Também acho que as sanções não são suficientemente duras para quem realmente conduz sob o efeito de álcool. Nem fiscalização suficiente. Também acho que deveria haver maior/melhor educação para sensibilizar as pessoas a não conduzir sob o efeito de álcool e a “desmistificar” o uso de alternativas ao carro próprio. Talvez com maior sensibilização ou conhecimento, e com a existência de alternativas para poder deslocar-se, as pessoas se sintam menos tentadas a conduzir sob o efeito de álcool», defende outro leitor.
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