“Se pudesses jantar com qualquer pessoa, quem seria?” Há uns anos lembro-me de ter visto um vídeo onde esta questão era colocada a um conjunto de pais, em primeiro lugar, e depois, aos seus filhos. Não vos sei precisar quais eram as celebridades mencionadas, entre atores, músicos, jogadores de futebol, os pais puxavam pela cabeça para encontrar a companhia perfeita para partilhar uma refeição onde, acredito, se imaginavam a trocar uns “dedos de conversa” com os seus ídolos. Depois, chegou a vez dos filhos responderem, com um pormenor interessante: estavam a ser vistos (sem saberem) pelos seus pais. “Se pudesses jantar com qualquer pessoa, quem seria?”, surge então de novo a questão, mas desta vez as respostas vieram sem hesitações: A família; a mãe e o pai; “tem que ser uma celebridade, não pode ser a família”?.
A mensagem é simples de perceber e ecoa na minha cabeça até hoje (como se percebe por este editorial) e deve, acredito eu, ecoar na cabeça de muitos que o viram. “Eles só querem estar connosco, a família, não é tão óbvio?”, parece, de facto, óbvio, mas nem sempre é.
A vida não é (sempre) leve, nem bonita, muito menos fácil, como a vida em paralelo das redes sociais nos faz muitas vezes querer parecer. A vida é dura, testa-nos todos os dias. Tira-nos o tapete e encosta-nos às boxes. Não, não temos todos 200 amigos (convertidos dos gostos e adoros das publicações de Instagram e Facebook) que nos dão a mão quando a nossa está sem forças. Essa pode ser a ilusão de alguns, mas uma verdade fácil de reparar. Não estamos todos a falhar objetivos “porque não temos foco”, embora muitos vivam a proliferar mensagens destas, esquecendo-se que estão num lugar de absoluto privilégio.
Mas também é verdade que a vida pode ser, muitas vezes, maravilhosa, se nos gestos rotineiros lhe encontrarmos essa beleza. E aí, creio, o segredo é mesmo sabermos responder às questões que nos fazem sem hesitações. Sabermos exatamente quais são os pilares da nossa vida, o que nos ergue, nos traz paz, nos acalma a alma e nos permite ser nós mesmos. É por isso que não tenho dúvidas quando me perguntam “Se pudesses jantar com qualquer pessoa, quem seria?”. A minha resposta é simples: Com a minha família.