João Monteiro Conceição, o engenheiro que quis trazer a indústria automóvel para Porto de Mós

20 Dezembro 2024

O Portomosense

A Central das Artes, em Porto de Mós, acolheu, no passado dia 13, a apresentação do livro IPA, Os Automóveis de Porto de Mós, uma obra que relata a história da (quase) criação de uma indústria automóvel em Portugal, mais especificamente no nosso concelho. 

Através das palavras do engenheiro José Barros Rodrigues, mestre em Engenharia Mecânica e doutorado em História da Tecnologia e das Ciências, é dado a conhecer aos portomosenses, e a outros entusiastas do automobilismo nacional, as várias tentativas, desde o fim do séc. XIX, de edificar uma indústria automóvel com selo português, algo que, de acordo com o autor, nunca se concretizou devido ao regime protecionista da época. O livro conta as várias histórias dos «portugueses que resistiriam à mediocridade» e tentaram criar a sua própria indústria. Entre eles está o engenheiro João Monteiro Conceição, que, para além de contribuir para o desenvolvimento de Porto de Mós no século passado com vários projetos empresariais deixou também marca na indústria automóvel nacional.

Conforme conta José Charters Monteiro, filho do engenheiro falecido em 1987, numa nota nas páginas iniciais desta obra, o segundo e último modelo do IPA 300 foi apresentado em maio de 1958, na inauguração da Feira das Indústrias de Lisboa. Face à política protecionista do regime de então, esta tentativa levada a cabo por João Monteiro Conceição sofreu as consequências da lei do condicionamento industrial e a sua produção foi interrompida. José Charters Monteiro, três anos após o falecimento do seu pai, numa visita às instalações industriais em Chão da Feira, descobre, no meio da sucata, os dois exemplares do IPA 300. Uns anos mais tarde, após esta descoberta, o engenheiro José Barros Rodrigues e José Charters Monteiro começam a sua colaboração, que culminou na publicação deste livro. 

«O livro tem uma história contada e muito articulada, que eu acho que é muito interessante, que lhe dá também o contexto e de certa maneira caracteriza os seus traços próprios. Nesse sentido acho que o livro é um ótimo testemunho de uma tentativa que não teve seguimento», escreve o arquiteto que colaborou na produção desta obra. 

José Barros Rodrigues, que já lançou 42 livros ligados à indústria automóvel e «seis ou sete artigos jornalísticos» dedicados ao IPA, entende que esta tentativa deve ser um motivo de «orgulho» para os portomosenses «porque é uma coisa que poucas cidades ou vilas de Portugal têm neste contexto». 

Foto | Fábio Sousa

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