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Jovens do concelho que participaram na Jornada Mundial da Juventude contam o que viveram

25 Agosto 2023
Jéssica Moás de Sá

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Jéssica Moás de Sá

25 Ago, 2023

Comecemos pelo futuro: Ana Clara, de 16 anos, residente em Casais do Chão (Serro Ventoso) e André Taborda, 19 anos, das Pedreiras, acreditam que vão encarar a vida de outra forma, sobretudo no que diz respeito à sua fé e à compaixão pelos outros. Tudo pelo que viveram e sentiram durante seis dias na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Mas afinal o que aconteceu de tão especial nesta Jornada para “mudar” a vida destes jovens? Vamos então ao passado.

Ana Clara, 16 anos, Casais do Chão

“Para mim foi incrível”

Decidiu ir, primeiro por acreditar em Deus e depois pela «oportunidade de conhecer pessoas de outros países que partilham a mesma crença», incentivada pela sua catequista. O que Ana Clara encontrou em Lisboa não desiludiu nem defraudou estas expetativas. «Para mim foi incrível, no final falámos sobre o que tinha sido esta experiência para todos [todo o grupo de Serro Ventoso com quem foi nesta aventura] e o que eu disse foi que incrível e surpreendente como as palavras que são ditas na vigília e durante a missa nos tocam a todas de uma maneira diferente», começou por referir a jovem. O facto de o Papa «falar para um milhão e meio de pessoas», mas a cada um «tocar de forma diferente» foi algo que a espantou particularmente. Há, no entanto, aspetos que diz não serem «fáceis de explicar» porque só estando a viver a JMJ se «consegue sentir»: «Um milhão e meio de pessoas a cantar e a rezar é incrível», reforça.

Ana Clara sentiu que o espírito que se sentia era comum: «Na vigília estávamos com um grupo de australianos e sentíamos que éramos iguais e que estávamos ali todos para o mesmo, a acreditar no mesmo». Isso foi sentido noutros momentos, onde a troca de contactos, as fotografias tiradas, as conversas, estão na memória da jovem. «É incrível como havia pessoas que não conhecíamos de lado nenhum, mas conseguíamos estar imenso tempo a falar, a trocar ideias, passávamos pelas pessoas na rua e começávamos a falar porque tínhamos mais em comum do que esperávamos, as pessoas pensam que a JMJ é só para rezar, mas não, é todo um mundo que realmente só dá para sentir».

Ver o Papa, não tão perto quanto desejava, mas suficientemente perto para se emocionar, foi outro dos momentos altos. «No dia em que o Papa chegou a Lisboa, houve uma oração no Parque Eduardo VII e foi o dia em que estive mais perto dele, ele passou no corredor e consegui ver com os meus próprios olhos», explica. O que sentiu foi, no entanto, inesperado: «Não estava à espera de sentir aquilo, já tinha visto o Papa tantas vezes na televisão, mas realmente é diferente, tem outro impacto». As mensagens por ele ditas vão também ecoar na sua mente. «Podemos acreditar em Deus, mas sentir aquelas coisas é diferente, às vezes ouvimos e percebemos coisas que nem sabíamos que precisávamos ouvir e sentir e todos os que estavam ali sentiram que vão mudar a forma como vêem o mundo em geral», reflete.

André Taborda, 19 anos, Pedreiras

“Ponto alto foi ver tantas pessoas reunidas com o mesmo objetivo”

André Taborda foi à JMJ com o grupo Servos do Coração Imaculado de Maria (Fátima), um movimento ao qual pertence. «Assim de caras, decidi ir porque sou católico e sendo o evento maior para os católicos, queria fazer parte, nunca tinha tido um encontro como este que me permitisse vivenciar tudo o que vivenciei e vivenciá-lo, ainda por cima, com o Papa, que é o rosto de Jesus», frisa. Tal como Ana Clara, as «expetativas altas» que tinha foram «concretizadas». «O momento alto para mim foi a missa de abertura, quando vi a dimensão jovem da Igreja, não sabia que tinha uma dimensão tão grande, que juntasse tantas pessoas reunidas pelo mesmo objetivo que é estar com Jesus, participar no encontro vivo com Cristo», sublinha também. Para André Taborda, Cristo «é o caminho que dá sentido à vida» e foi importante «conhecer tantos jovens que estão no mesmo caminho» em que se encontra.

Apesar de ter encarado esta JMJ também como uma forma de se divertir e estar uns dias longe da sua realidade habitual, com pessoas da sua idade, não sente que a sua prioridade e da globalidade dos jovens fosse essa. «Nós trocámos muitas pulseiras, pequenas pagelas ou imagens de santos com vários jovens, numa conversa que tive com uma jovem, com quem troquei uma pagela, ela perguntou-me “tens intenção que reze por ti quando me lembrar que foste tu que me deste esta pagela?” e foi aí que percebi que esta não era só uma viagem de férias, um festival, isto era uma semana para conseguir abrir o coração para Deus e encontrar-me com ele», conta.

O jovem das Pedreiras foi um dos cerca de sete mil “sortudos” (uma vez que o seu grupo se conseguiu inscrever antes das vagas estarem preenchidas) que marcou presença no encontro «mais privado» com o Papa na Universidade Católica Portuguesa, onde o Papa «falou especificamente sobre como viver a santidade no meio universitário» e ver o Papa «sentado tão perto foi uma sensação de arrepiar». Arrepio que também sentiu no acolhimento ao Papa, quando passou mesmo ao lado do grupo de André Taborda «e deu a bênção».

Um evento destes, diz o jovem, «é um balanço na fé, um estremecer da fé»: «Que nos deixa mais fortes e prontos para fazer como o Papa que dizia que a única forma de olhar para uma pessoa seria apenas para ajudá-la a levantar-se». «A JMJ é esta força, que nos ajuda a olhar para uma pessoa, não apenas no contexto egoísta, mas num contexto de amor e para a ajudar a levantar-se», conclui.

A organização

Ana Clara e André Taborda estão de acordo que de forma genérica esta JMJ estava «muito bem organizada». Ainda assim, há sempre «aspetos que podiam ser melhores ». «Nos últimos dois dias estava muito calor, 40 graus e estivemos dois dias ao sol sem acesso a uma sombra, tínhamos acesso a água, mas eram três mil pessoas em cada zona do Parque, houve pessoas a desmaiar», explica Ana Clara. Durante a restante semana «tudo esteve muito organizado e bem dividido por vários zonas de Lisboa». «Num evento desta dimensão nem tudo é perfeito, mas acho que os voluntários fizeram o melhor trabalho que sabiam e conseguiam, foi fantástica a ajuda deles e a disponibilidade de tempo que tiveram para que este evento acontecesse».

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