Jovens portomosenses apostam no empreendedorismo e na inovação

1 Agosto 2024

Isidro Bento

O empreendedorismo e a capacidade de iniciativa são cada vez mais apoiados pelos municípios e por outras entidades apostadas no desenvolvimento das respetivas regiões, e a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) não é exceção. A entidade que congrega 10 municípios, entre os quais Porto de Mós, está a desenvolver desde 2013 um Programa de Ação Territorial para a Promoção do Empreendedorismo, financiado por fundos comunitários.

O programa divide-se em três grandes áreas, a Rede Regional de Apoio ao Empreendedorismo, o Programa de Apoio a Empreendedores e o Programa de Promoção do Empreendedorismo nas Escolas, e é a este último que hoje damos destaque com a apresentação dos dois projetos desenvolvidos por jovens alunas da Escola Secundária de Porto de Mós e do Instituto Educativo do Juncal que representaram o concelho, bem como um outro idealizado e desenvolvido por alunos do IEJ e que depois de ter vencido a nível nacional o concurso The Challenge BPI/La Caixa, foi apresentado em Barcelona, Espanha.

Trata-se do nosso reconhecimento da importância do desenvolvimento do espírito empreendedor e da capacidade de inovação entre os mais novos e um incentivo a que outros projetos surjam. Convém sublinhar que os três projetos foram apresentados publicamente na cerimónia de inauguração da Real Factory do Juncal, até há pouco conhecida como a Casa dos Calados, e que o Município quer transformar, precisamente, num «foco de atração ao empreendedorismo e à criatividade».

Your Vision – vencedor da fase nacional do “Challenge BPI/La Caixa”

O projeto Your Vision foi idealizado e desenvolvido pelas alunas do curso de Comunicação do IEJ Rita Luís, Leonor Marto, Joana Laureano e Sofia Fonseca, coordenadas pela professora Tânia Galeão.

Your Vision «surge da preocupação com a saúde visual da população, especialmente entre as crianças e jovens em idade escolar e que enfrentam dificuldades no acesso a consultas oftalmológicas e óculos corretivos, devido a questões económicas». Num estudo realizado entre a população escolar, as alunas identificaram «uma proporção significativa de jovens com problemas visuais não diagnosticados ou sem tratamento adequado» e esse foi o ponto de partida.

Com o objetivo de resolver o problema, foi criada uma plataforma online yourvision.pt «que oferece uma série de serviços». Aí são disponibilizados testes de visão simples para triagem inicial. Além disso, é oferecida «a marcação de consultas oftalmológicas gratuitas em parceria com profissionais qualificados».

Para tornar os óculos mais acessíveis, estabeleceram uma parceria para desenvolver um programa de reciclagem e reutilização de óculos usados. Para isso, construiram o Oculão Gigante, um dispositivo de recolha a instalar em sítios estratégicos, a começar pelas escolas.

«Os óculos reciclados ou reutilizados são disponibilizados a preços acessíveis ou gratuitamente, garantindo que todos tenham acesso a cuidados visuais adequados, independentemente da sua condição financeira», sublinham as alunas.

Na página online do projeto são enumerados os valores em que este assenta, nomeadamente o acesso universal à saúde visual, ao permitir que todos tenham acesso igualitário a cuidados visuais essenciais; a prevenção e diagnóstico precoce através da triagem visual fornecida na plataforma; a sustentabilidade ambiental ao reduzir o desperdício de materiais e ao promover a economia circular; a educação e desempenho académico porque o melhorar a saúde visual dos alunos pode ter impacto significativo no seu desempenho escolar e, por último, o bem-estar geral uma vez que ao melhorar a visão das pessoas se está a contribuir para o seu bem-estar físico, emocional e social.

Para já, o Your Vision conta com uma parceria com uma empresa especializada em ótica e que ajuda na recolha dos óculos usados e posterior reciclagem ou reutilização. No entanto, o objetivo é avançar com mais, assim surjam empresas e cidadãos interessados. Isso tanto pode passar pela recolha de óculos, consultas gratuitas, reciclagem de hastes, apoio nas lentes e ajuda financeira. Na página está disponível um formulário para o efeito. Quem pretender fazer testes de visão ou efetuar a marcação de uma consulta também o pode fazer lá.

De acordo com as alunas, «o processo de recolha de óculos usados para reciclagem e reutilização é fundamental para o sucesso do projeto», por isso, e a partir da comunidade educativa do Juncal, onde começa a primeira recolha, foi estabelecida uma rede de pontos de recolha estrategicamente localizados em todo o país (farmácias, centros de saúde, escolas). Além destes, as promotoras pretendem expandir a rede pelo que estão à procura de parceiros entre empresas, organizações não governamentais e entidades públicas para tornar o processo de doação de óculos usados o mais acessível e abrangente possível.

Projeto Your Vision | Jornal O Portomosense

Healing Minds – 2.º lugar no concurso intermunicipal “Empreendedorismo nas Escolas da CIMRL”

O projeto Healing Minds, que representou Porto de Mós no concurso intermunicipal, foi elaborado e desenvolvido pelas alunas do 7.º C do Instituto Educativo do Juncal, Beatriz Pinho, Maria João Matos e Matilde Pereira, sob a orientação da diretora de turma, Liliana Gomes.

Healing Minds consiste na distribuição comercial do Kit Feliz, uma caixa com produtos e ferramentas anti-stress para ajudar os jovens a combater a ansiedade, bem como a construção de uma Sala Feliz nas escolas, com o objetivo de ajudar a comunidade educativa a criar um ambiente mais calmo e saudável para os jovens que sofrem de ansiedade em contexto escolar.

Tal como explicaram as jovens aquando da apresentação na Real Factory, «hoje em dia, nas escolas, é muito comum haver ansiedade e/ou problemas semelhantes, com impactos negativos no desempenho e concentração de muitos alunos» pelo que tentaram pensar numa solução para este problema e aí apareceu o Healing Minds.

O objetivo é «contribuir para diminuir os ataques de ansiedade e os problemas de saúde mental nas escolas» e a estratégia passa, em primeiro lugar, por criar um Kit Feliz com alguns objetos para ajudar os jovens a lidar com situações de ansiedade ou stress, nomeadamente, uma caixa com um frasco com 31 frases motivacionais; óleo essencial calmante; uma bola anti-stress; um bloco de notas e uma caneta; um snack e uma bolsa de transporte. Em segundo lugar querem criar nas escolas uma Sala Feliz, um espaço com paredes brancas e luz de tonalidade azul, mobiliário com diferentes formas geométricas e estantes com livros, em materiais confortáveis e seguros.

De acordo com as suas promotoras, este projeto tem em primeiro lugar como público-alvo, os jovens, depois as escolas e a seguir as famílias. O que o torna inovador é o facto de pretender criar uma sala única no país com meios para jovens e escolas terem melhores ambientes de aprendizagem e socialização, e um método para melhorar a saúde mental dando-lhes ferramentas para aprenderem a controlar melhor os episódios de ansiedade e stress.

O Healing Minds, segundo a diretora pedagógica do IEJ, Tânia Galeão, encontra-se em fase avançada de execução e conta com o apoio da direção pedagógica, do município de Porto de Mós e da Fablab. A turma do curso profissional de Design Industrial do IEJ foi responsável pela conceção e desenvolvimentos do projeto 3D da sala. O lema da Healing Minds é Acalma-te, por favor! Por uma geração mais calma.

Projecto Healing Minds | Jornal O Portomosense

Medi Me – Participante no concurso “Empreendedorismo nas Escolas” da CIMRL

Melhor tempo de resposta às vítimas e socorro rápido, eficaz e adequado, é aquilo que promete a Medi Me, uma pulseira com características especiais criada pela aluna da Secundária de Porto de Mós, Maria Silva.
Filha de bombeiro e neta de idosos «que tomam imensa medicação», Maria Silva inspirou-se nas experiências destes para criar uma pulseira que de algum modo viesse facilitar a vida a ambos.

«Em situações de emergência a rapidez no socorro pode fazer a diferença entre a vida ou a morte ou entre a recuperação plena da vítima e o ficar com sequelas graves para toda a vida». Para que a atuação seja eficaz, bombeiros e profissionais de saúde necessitam de ter acesso a informações que a vítima pode não estar em condições de facultar ou não se lembrar e é aí que entra em ação a Medi Me, «uma pulseira inovadora que permite o acesso rápido aos dados pessoais e clínicos da vítima, a identificação e tratamento adequado às vítimas inconscientes e/ou imóveis, e o contacto das famílias em caso de emergência».

Na aparência a Medi Me é apenas uma pulseira constituída por «uma chapinha em metal e uma bracelete, mas o seu “interior” comporta muita informação útil. Conta com a fotografia da pessoa, o seu nome, morada, data de nascimento, número de utente de saúde e contactos de emergência, bem como a indicação da medicação, alergias, histórico de cirurgias, doenças mais relevantes e grupo sanguíneo e fator Rh.

O processo começa com a aquisição da pulseira na página da Medi Me na internet ou nas farmácias e hospitais onde estará à venda. Depois, a pessoa cria a conta nessa página e regista os dados pessoais e clínicos. É-lhe atribuído um número e um código QR e será através de um desses dois que o profissional terá acesso rápido e fácil à informação da vítima, bastando para isso pegar no telemóvel, abrir a sua própria conta Medi Me, ler o código QR ou introduzir o código (número) que consta na pulseira.

«Qualquer pessoa pode criar uma conta e comprar a pulseira mas apenas quem der provas de que é um profissional de socorro ou de saúde é que terá acesso a essa informação e para isso terá de inserir o seu número de identificação profissional. Como reforço da segurança, a Medi Me não permite a captura de ecrã e faz o registo do histórico de leituras, ou seja, sabe-se quem acedeu àquela informação e quando.
A pulseira ainda não está no mercado mas Maria Silva não tem dúvidas que vem dar mais «autonomia e segurança a pessoas seniores, seus familiares e cuidadores», e será uma mais-valia «para os bombeiros que melhoram os seus tempos de resposta», frisa.

Projecto Medi Me | Jornal O Portomosense

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas:
Portugal 19€, Europa 31€e Resto do Mundo 39€

Primeira Página
Capa da edição mais recente d’O Portomosense. Clique na imagem para ampliar ou aqui para efetuar assinatura