Início » Jovens portomosenses brilham na esgrima

Jovens portomosenses brilham na esgrima

24 Março 2024
Isidro Bento

Texto

Partilhar

Isidro Bento

24 Mar, 2024

Porto de Mós continua a ser viveiro de excelentes desportistas e é raro o mês em que a estas páginas não venha o nome de alguém a brilhar nalguma modalidade desportiva, desde as mais “famosas” às, quase, ilustres desconhecidas.

Hoje, damos-lhe a conhecer a Carlota Chareca e o Manuel Bispo. Ambos são muito novos mas a nível desportivo já sabem bem o que querem. Para o conseguirem treinam, com afinco e paixão, durante hora e meia, quatro vezes por semana, depois de um dia de aulas. Apesar da agenda cheia e pesada, conseguem ainda ser excelentes alunos e ter atividades regulares extra desporto e escola, onde também revelam bem o seu valor.

Carlota e Manuel, atletas da associação leiriense Bairro dos Anjos, além da idade, contam com vários pontos em comum. Carlota tem 14 anos, Manuel, 15. Ambos começaram muito cedo numa arte milenar e num desporto que é desde os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna (1896) uma das modalidades olímpicas, a esgrima. Iniciaram muito novos mas a vida acabou por os afastar durante vários anos da modalidade pela qual são apaixonados e à qual voltaram há muito pouco tempo (no caso do Manuel).

“Quero voltar a ser campeã nacional”

Comecemos pela Carlota Chareca, a jovem que reside em Leiria e que um dia, com 4 ou 5 anos, a mãe levou a experimentar esgrima na Associação Recreativa e Desportiva Outeiros da Gândara (Gândara dos Olivais, Leiria) uma atividade que desde o início a apaixonou, paixão, hoje, cada vez mais viva. Mas como muitas paixões, também esta teve um forte percalço: o treinador de Carlota (que já era o do Manuel), a dada altura, foi trabalhar para o estrangeiro, e então a pequena atiradora dedicou-se entre os 6 e os 9 anos a outra arte, o ballet.

Mas, o tal “bichinho” de que muitos, noutras áreas, se queixam de ficar a roer em silêncio provocando uma vontade imensa de voltar a fazer aquilo que já nos fez felizes, atacou em força. «Ela dizia que tinha muitas saudades da esgrima e como o Bairro dos Anjos abriu a modalidade, fomos lá e desde os 9 anos, que não faz outra coisa. Deixou o ballet e dedica-se por inteiro à esgrima», conta sua mãe, Raquel Almeida, que a acompanha na conversa com O Portomosense.

A este ponto do relato convém acrescentar aqui uma nota biográfica. Carlota Chareca reside em Leiria, mas tem raízes familiares em Mira de Aire (o apelido, aliás, não engana), vila onde esta volta amiúde e que vibra com as suas conquistas na esgrima. A mais importante dessas vitórias traz um título agarrado: Campeã Nacional de Espada Femininos Iniciados. Carlota estreou-se nesse escalão em grande e assume que o seu principal objetivo é revalidar o título, já em maio.

Com uma modéstia que surpreende, quando a confrontamos com essa importante conquista num currículo onde já existem outras, a jovem atiradora responde apenas: «Tenho tentado». «Tentei trabalhar ao máximo tanto a parte técnica, como de jogo, para conseguir este resultado porque era um objetivo que queria muito concretizar», lá acrescenta.

E quanto ao futuro? «Gostaria de ir um bocadinho mais longe. Já participei nos Campeonatos do Mediterrâneo de Esgrima, em Espanha, que junta praticantes de esgrima de vários países e tenho ido mais a Espanha a campeonatos de iniciados mas também de cadetes», responde, deixando claro que ganhar experiência internacional e conseguir aí também bons resultados, é uma das suas ambições.

Carlota Chareca procura fazer uma gestão inteligente da sua agenda. Quando chega a casa, tenta logo «fazer os trabalhos escolares e estudar, para depois ir jantar, descansar e, um pouco mais tarde, dormir». Frequenta o 9.º ano, tem bons resultados e ainda consegue no pouco tempo que sobra, dedicar-se ao escutismo e ter as vivências próprias de uma adolescente. A paixão pela esgrima, essa, acredita, é para a vida.

“Os Jogos Olímpicos são uma ambição”

Apresentemos, agora, Manuel Bispo, um jovem de 15 anos, natural da Moitalina (Pedreiras), onde passou grande parte da sua infância. Residente, atualmente, em Aljubarrota (Alcobaça). À semelhança de Carlota, o jovem atirador começou muito novo e deu os primeiros passos na modalidade na mesma associação da Gândara e atualmente é também um dos mais destacados atletas do Bairro dos Anjos.

Manuel começou com apenas três anos de idade. Gostava imenso do que fazia mas a ida do treinador para o estrangeiro levou a uma interrupção forçada e prolongada. Só voltou à modalidade no ano passado, também seduzido pelo tal “bichinho” que ficou. «A esgrima sempre esteve no meu coração desde muito pequeno. Foi onde comecei e sentia saudades e então resolvi voltar a experimentar e percebi que era mesmo isto o que eu queria», afirma o jovem que, neste “intervalo” se dedicou com o mesmo afinco ao hóquei em patins e, mais recentemente, à música, na área do jazz enquanto elemento da Big Band de Leiria.
Tal como a sua jovem colega, Manuel confessa um «fascínio pela esgrima» e esse estende-se a todos os pormenores de um desporto muito completo «que combina várias partes de nós em termos físicos e psicológicos». «Temos sempre que manter muita calma, estar sempre a pensar no que fazemos e no que o adversário faz, sempre a ler o jogo. Ao mesmo tempo, temos de saber técnica e ter condição física para o poder fazer», explica.

Em escassos meses, já participou e foi bem sucedido tanto em torneios não oficiais como em representação das cores nacionais, como é o caso dos Campeonatos do Mediterrâneo. Dos primeiros, o espadista portomosense trouxe lugares de pódio, dos segundos, uma excelente classificação «Tendo em conta que comecei há tão pouco tempo e o esforço e a dedicação que ando a pôr na esgrima, sinto-me recompensado por estes resultados», afirma.

Em termos de futuro, Manuel é claro a definir os seus objetivos: «Neste momento, como ainda sinto que estou numa fase muito inicial, pretendo saber cada vez mais tanto em termos de técnicas como da esgrima em geral. Gostava muito de participar no Europeu e, possivelmente, numa competição maior. Extra competição o maior objetivo, e que me vai ajudar muito, é conseguir uma bolsa de estudo, na universidade, mais ligada ao desporto».

Questionado sobre o ponto mais alto que gostava de atingir na esgrima, Manuel Bispo responde sem hesitações: «Chegar aos Jogos Olímpicos da Juventude, que é algo que já me foi apresentado e que com esforço e dedicação, se calhar até lá consigo chegar». Os Jogos são já em 2026 e o atirador portomosense não quer ficar de fora.

Assinaturas

Torne-se assinante do jornal da sua terra por apenas: Portugal 19€, Europa 34€, Resto do Mundo 39€

Primeira Página

Publicidade

Este espaço pode ser seu.
Publicidade 300px*600px
Half-Page

Em Destaque