Duas centenas de jovens da vigararia de Porto de Mós, participaram no passado dia 16 num encontro com o Bispo de Leiria-Fátima, Cardeal D. António Marto. O encontro, que se realizou na vila de Porto de Mós, tinha por base a mensagem cristã, em que os jovens presentes formulam perguntas ao prelado diocesano, a que o mesmo responde, caracterizando as respostas com alguma dinâmica.
No palco do cine-teatro de Porto de Mós estavam o bispo e mais quatro jovens que expunham as questões, entretanto discutidas nos grupos constituídos com a finalidade de participarem no encontro.
O prelado diocesano, visivelmente satisfeito com a presença de tantos jovens, começou por afirmar que «a vossa presença no mundo faz-nos muito bem!», em jeito de resposta à primeira questão formulada, em que se perguntava qual o lugar dos jovens na igreja, continuando nas suas respostas sempre com boa disposição.
A todas as questões, todas elas de cariz prático e objetivo, o bispo foi respondendo de forma simples e sem nunca fugir aos temas que, algumas vezes poderiam causar constrangimentos. Por exemplo, os abusos feitos a menores por parte de membros da hierarquia da igreja, um tema que nos últimos dias estava a ser bastante mediatizado, foi abordado pelos jovens, a que D. António Marto respondeu que «apesar da Igreja ser formada por pecadores, isso não justifica os escândalos», no entanto «estas situações não poderão ser ignoradas». Contudo, chamou a atenção para que os jovens ali presentes «se centrem nas pessoas que são exemplo de vida e de fé». Questões relacionadas com o papel da Igreja no caso dos divorciados que voltam a casar, dos padres que deixam de o ser, da homossexualidade e outras foram objeto de abordagem, tendo o bispo respondido com a parábola do Filho Pródigo, em que «todos continuam a ser filhos de Deus e membros da comunidade cristã», elucidando os presentes com casos práticos e, no âmbito deste conjunto de respostas disse: «Lutai sempre pelo amor pleno, duradouro e fiel».
Perguntas difíceis
Mas, as questões difíceis ainda estavam para chegar. Seriam elas: Se Deus é o criador de tudo, também criou o mal? Por exemplo, porque é que Deus abriu o Mar Vermelho para que Moisés tirasse os judeus do Egito e não abriu os portões dos campos de concentração nazis? Ou então, por que é que as crianças inocentes têm de sofrer com doenças terminais, como o cancro? Que parte do “plano de Deus” é esse exatamente?
Começando por salientar que «há perguntas para as quais a melhor resposta é o silêncio», o cardeal continuou dizendo que «os campos de concentração são uma amostra de até ondwe pode chegar a crueldade humana».
Além destas perguntas e respostas, no encontro houve animação com o grupo musical “Fatias Douradas”, que veio da paróquia de Alvados, e ainda uma teatralização pelo grupo de jovens “Os Serafins”, de Porto de Mós, que retratou uma peregrinação a Santiago de Compostela.
Dos melhores encontros
Para o padre José Alves, vigário de Porto de Mós, em declarações a O Portomosense, este encontro «foi dos melhores realizados na Diocese, senão o melhor», pois correu «muito bem e estiveram presentes à volta de duzentos jovens, de toda a vigararia».
Segundo o sacerdote, estes encontros são muito bons, porque «levam os jovens a interagir e a aproximarem-se da hierarquia da Igreja», uma vez que «têm andado arredados das coisas da Igreja».
A participação dos jovens nestes encontros com o bispo «tem sido uma surpresa» pelo que se considera «uma feliz iniciativa», sendo esta uma forma de «pôr os jovens a refletir e a questionar o bispo sobre assuntos importantes e que normalmente não se debatem».
Armindo Vieira | texto